Márcia Lima, até então secretária de Políticas Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, anunciou sua demissão na terça-feira, 8 de abril de 2025, expressando descontentamento com a forma como o governo de Luiz Inácio Lula da Silva divulga suas ações. A saída, detalhada em entrevista ao Folha de S.Paulo e publicada na quinta-feira, 27 de março de 2025, marca sua transição para a Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), onde busca maior autonomia.
De acordo com a Revista Oeste, Márcia elogiou a comunicação do ministério como “a melhor da Esplanada”, mas criticou a estratégia geral do governo, especialmente na área de Igualdade Racial. “O problema não está na pasta, mas na comunicação do governo sobre ela e outras áreas”, afirmou. Ela destacou que as realizações não são bem aproveitadas, faltando integração entre os ministérios, o que contraria o slogan “União e Reconstrução” do terceiro mandato de Lula. Para ela, a divulgação deveria ser centralizada e direcionada ao público-alvo, não fragmentada por cada pasta.
Como exemplo, Márcia citou o programa Juventude Negra Viva, lançado em março de 2024 com orçamento de R$ 660 milhões, coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência e envolvendo 18 ministérios, 11 eixos e 217 ações para reduzir a vulnerabilidade de jovens negros. No lançamento, Lula cobrou que todos os ministros integrassem o programa em seus discursos, mas Márcia observou: “Houve pouca divulgação pelas pastas, o que enfraquece a eficácia.” Ela também culpou a imprensa: “Dão destaque à figura da ministra Anielle Franco, mas pouco ao trabalho do ministério.”
Outro ponto levantado foi a quantidade de 38 ministérios, que, segundo Márcia, dificulta a articulação e a comunicação interna e com o presidente. “Isso complica a unidade que o governo prega”, disse, sugerindo que a fragmentação estrutural prejudica a gestão e a percepção pública das ações.