José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), pronunciou-se na quarta-feira, 23 de abril de 2025, sobre a Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF). A ação investiga um esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Frei Chico afirmou que o Sindnapi opera com transparência e que confia na PF para esclarecer qualquer irregularidade.
“Espero que a Polícia Federal investigue toda a sacanagem que existe. No nosso sindicato, tenho certeza de que não temos nada a esconder”, declarou. Ele destacou que assumiu recentemente um cargo na diretoria e não domina todos os detalhes, mas reforçou que o Sindnapi já passou por auditorias e está com as contas em ordem. “Há muitas entidades picaretas por aí, mas nós estamos tranquilos”, completou.
A Operação Sem Desconto revelou suspeitas de fraudes em Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) firmados entre o INSS e 11 entidades, incluindo o Sindnapi. As investigações apontam que essas organizações cobravam valores indevidos diretamente na folha de pagamento dos segurados, muitas vezes sem autorização ou conhecimento dos beneficiários, que acreditavam tratar-se de exigências legais. A Controladoria-Geral da União (CGU) entrevistou 1,3 mil aposentados, constatando que a maioria desconhecia a origem dos débitos. O prejuízo estimado chega a quase R$ 8 bilhões.
O Sindnapi, sediado em São Paulo, emitiu uma nota defendendo Frei Chico, destacando sua trajetória no movimento sindical desde os anos 1960, quando atuou como metalúrgico em São Bernardo do Campo e enfrentou a ditadura militar. O presidente do sindicato, Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo, negou irregularidades e afirmou que não houve mandados de busca na sede da entidade, reforçando sua atuação dentro da legalidade, conforme a Revista Oeste.
Além do Sindnapi, outras entidades foram alvos da operação, como Contag, Ambec, Conafer, AAPB, AAPPS Universo, Unaspub, APDAP Prev, ABCB/Amar Brasil, CAAP e AAPEN. Como desdobramento, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado por Lula após os primeiros resultados da investigação. A PF também afastou seis servidores públicos e um agente federal, cuja identidade não foi revelada.