Serge Attal/Flash 90 / Israel National News / Reprodução

O Vaticano iniciou uma investigação interna contra um membro da Guarda Suíça Pontifícia após duas mulheres judias relatarem terem sofrido um gesto antissemita durante um evento papal na Praça de São Pedro.

O incidente supostamente aconteceu em 29 de outubro de 2025, durante a comemoração do 60º aniversário da Nostra aetate, uma declaração histórica do Vaticano que redefiniu a relação da Igreja Católica com religiões não cristãs. O evento de aniversário incluiu uma audiência geral com o Papa Leão XIV, na qual ele fez declarações condenando firmemente o antissemitismo e reafirmando o compromisso da Igreja com o diálogo inter-religioso.

De acordo com o Israel National News, a autora e diretora de teatro israelense Michal Govrin e sua companheira, a professora Vivian Liska, diretora do Instituto de Estudos Judaicos em Antuérpia, na Bélgica, estavam entrando na praça quando encontraram um guarda suíço. O guarda supostamente sibilou para elas com desprezo evidente, dizendo as palavras “les juifs” (“os judeus”). Ao ser confrontado, ele teria feito um gesto de cuspir na direção delas.

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“Nós nos olhamos, em choque total”, disse Govrin à publicação. Ela destacou o contraste chocante entre o suposto comportamento e o espírito de reconciliação que o evento do Vaticano pretendia celebrar. Govrin, filha de sobreviventes do Holocausto, viajou de Jerusalém, em Israel, para participar do encontro inter-religioso.

O porta-voz da Guarda Suíça, o cabo Eliah Cinotti, confirmou que o guarda em questão foi colocado sob revisão interna. Ele descreveu a investigação como parte do procedimento padrão para manter o profissionalismo dos guardas. Cinotti afirmou que o incidente parece ter começado com um pedido para tirar uma foto no posto de guarda, que depois escalou. “A Guarda Suíça se distancia completamente de qualquer forma de antissemitismo”, declarou ele.

O Vaticano emitiu uma declaração separada informando que uma reconstrução interna preliminar do evento foi realizada. A avaliação indicou que “elementos foram supostamente identificados que foram interpretados como tendo conotações antissemitas”.

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Em sua entrevista, Govrin descreveu como a experiência lançou uma sombra sobre o evento, que de outra forma era esperançoso. Ela observou a ironia dolorosa de enfrentar tal hostilidade logo antes de ouvir as palavras do Papa condenando o antissemitismo. “O incidente deixou uma marca”, afirmou ela.

A audiência na Praça de São Pedro reuniu uma ampla gama de representantes religiosos de todo o mundo. O Papa Leão XIV usou a ocasião para refletir sobre as intenções originais da Nostra aetate, promulgada em 1965 durante o Concílio Vaticano II. Ele enfatizou que a declaração abordava principalmente a relação da Igreja com o povo judeu e reiterou que a Igreja Católica condena todas as formas de antissemitismo, independentemente da fonte.

A Guarda Suíça Pontifícia, uma força cerimonial e de segurança com história remontando a 1506, é amplamente reconhecida por seus uniformes distintos no estilo renascentista e pela proximidade com o Papa. A investigação colocou a unidade sob maior escrutínio enquanto as autoridades da Igreja trabalham para determinar se houve má conduta e quais ações, se houver, são apropriadas em resposta.

O Vaticano não indicou quando a revisão interna será concluída.

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