Revista Oeste / Reprodução

Belém, capital do Pará, já voltou à rotina normal após a realização da 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, e o jornalista australiano Peter Clack retratou a situação local como um exemplo claro de promessas não cumpridas.

Em uma postagem em rede social, Clack destacou que, enquanto as delegações internacionais deixavam a cidade, o esgoto continuava correndo pelas ruas, e a nova avenida construída especialmente para o evento já servia como rota para o transporte de madeira ilegal e cocaína.

De acordo com o Revista Oeste, o jornalista também mencionou o complexo erguido para a conferência e apontou o impacto das obras na floresta, descrevendo uma intervenção que criou uma cicatriz de 13 quilômetros, associada a um aumento de 15% nos alertas de desmatamento na região, de acordo com dados do Inpe.

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Clack questionou as metas debatidas pelas delegações na COP30, incluindo a intenção de elevar o financiamento para adaptação climática e o projeto direcionado às florestas tropicais, criticando o contraste entre esses anúncios e a falta de soluções concretas para os moradores de áreas vulneráveis.

“Onde está o dinheiro para as famílias de Vila da Barca, que caminham em meio ao esgoto?”, indagou o comunicador australiano.

O jornalista lembrou que a autorização concedida pelo governo do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para perfurações na Foz do Amazonas ocorreu poucos dias antes da conferência, medida que provocou protestos de grupos indígenas durante o encontro.

Ele relatou cenas de manifestações com faixas exibindo a mensagem “Nossa floresta não está à venda” e simbolismos usados por jovens em referência aos combustíveis fósseis.

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Em sua postagem, Clack escreveu: “Belém, uma semana após a COP30. Jatos privados foram embora. Esgoto cru ainda corre pelas ruas. A reluzente nova ‘Avenida da Liberdade’ já é uma rodovia de contrabandistas para madeira ilegal e cocaína. Os 56.000 delegados festejaram em hotéis flutuantes de 5 estrelas, depois sumiram. A conta: 2 bilhões de dólares para uma…”.

Com uma carreira dedicada à cobertura de crises ambientais, segurança pública e redes criminosas, Clack percebe uma grande distância entre os discursos globais e a realidade cotidiana dos moradores de Belém.

Para ele, o maior fracasso da COP30 na cidade reside nos compromissos vagos, nas intervenções que alteraram a paisagem da região e na percepção de que “as motosserras estão mais altas do que nunca”.

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