Um estudo divulgado em 04 de dezembro de 2025 mostra que cerca de 4 milhões de pessoas vivem em regiões dominadas por facções criminosas e milícias na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Esse número representa aproximadamente um terço da população da Grande Rio, de acordo com dados elaborados pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, em parceria com o Instituto Fogo Cruzado. A pesquisa, fundamentada em denúncias anônimas, registros oficiais e informações georreferenciadas, cobre um intervalo de 18 anos.
Os especialistas identificaram que a extensão territorial sob influência desses grupos armados expandiu mais de 130% desde 2007, ao passo que o total de indivíduos afetados cresceu cerca de 60%. O documento ressalta que esse avanço ocorre de modo desigual, espelhando variações sociais, econômicas e institucionais entre as áreas.
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Conforme relatado por Revista Oeste, o controle direto envolve a cobrança regular de recursos, a aplicação de normas e o emprego real ou potencial de violência, enquanto a influência se manifesta de forma esporádica ou parcial.
Em 2024, cerca de 30% dos residentes da Grande Rio estavam sob controle direto desses grupos, e outros 5,3% em zonas de influência, o que permite mapear desde territórios consolidados até regiões com expansão difusa do poder armado.
A avaliação cronológica destaca dois períodos chave: entre 2016 e 2020, houve uma ampla expansão do domínio desses grupos, época caracterizada pela crise financeira do Estado do Rio de Janeiro, o declínio das Unidades de Polícia Pacificadora e a intervenção federal.
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Após 2020, observou-se uma redução moderada, motivada sobretudo pela perda de territórios das milícias após ações contra seus líderes. Ainda assim, a atuação desses grupos permanece ampla na região.
Pelo mapeamento, as milícias detêm quase metade da área dominada, enquanto o Comando Vermelho comanda o maior número de moradores sob seu jugo. A pesquisa indica que as facções ampliaram sua presença populacional, com ênfase no avanço do Terceiro Comando Puro desde 2018. Por outro lado, o Amigo dos Amigos continua em declínio constante.
O estudo distingue dois padrões de expansão: as disputas diretas tendem a reforçar a presença dos grupos em territórios já controlados.
A supremacia das organizações armadas varia por região. No leste fluminense, por exemplo, o Comando Vermelho predomina. Já na Baixada Fluminense, há uma disputa acirrada, com milícias e facções crescendo simultaneamente.
No município do Rio de Janeiro, mais de 40% dos habitantes residem em áreas sob controle ou influência de grupos armados, com as milícias mais fortes na zona oeste e as facções presentes na zona sul, no centro e em parte da zona norte carioca.
Os dados revelam desigualdades sociais, com renda média per capita inferior nas áreas dominadas em comparação às regiões livres. A edição 2025 do mapa histórico demonstra que o domínio de grupos armados segue as transformações urbanas e as flutuações institucionais e de mercado.
Os pesquisadores enfatizam que, para compreender esse fenômeno, é essencial integrar políticas de segurança pública com iniciativas de urbanização, diminuição das desigualdades e reforço dos serviços estatais.









