Revista Oeste / Reprodução

Os trabalhadores dos Correios em São Paulo deram um passo importante rumo a uma possível paralisação ao aprovarem um indicativo de greve pelo Sintect-SP, o sindicato que representa a categoria na capital, na Grande São Paulo e em Sorocaba. Isso ocorreu durante uma assembleia na noite de terça-feira, 02 de dezembro de 2025. A greve está prevista para iniciar na terça-feira, 16 de dezembro de 2025, a partir das 22h.

Além do indicativo, os funcionários planejam uma caravana para Brasília na terça-feira, 09 de dezembro de 2025, com o objetivo de participar de um ato nacional no dia seguinte, 10 de dezembro de 2025. Essa mobilização integra a campanha da categoria pela renovação do acordo coletivo e por reajuste salarial em 2025.

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De acordo com o Revista Oeste, os Correios afirmaram ao jornal Folha de S.Paulo que as entregas continuam normais e que as negociações prosseguem para assegurar o atendimento à população e o bem-estar dos empregados. A estatal comunicou que situações específicas devem ser reportadas por canais oficiais para averiguação e solução.

No aspecto financeiro, a empresa acumula prejuízo de R$ 6,1 bilhões até setembro de 2025, conforme relatório aprovado pelo conselho de administração no fim de novembro de 2025. Entre os motivos para a crise estão a chamada “taxa das blusinhas”, a queda de receitas, o aumento das despesas operacionais, processos judiciais e a concorrência com empresas privadas de logística.

O diretor do Sintect-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande São Paulo e zona postal de Sorocaba), Douglas Melo, destacou que a categoria aguarda a confirmação de uma audiência pública em Brasília nos dias 09 e 10 de dezembro de 2025, organizada pelo deputado federal Leonardo Monteiro (PT-MG). Segundo ele, uma nova assembleia nacional deve ocorrer em 15 ou 16 de dezembro de 2025, dependendo da disponibilidade dos sindicatos, para decidir sobre o início efetivo da greve se as negociações não avançarem.

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Melo relatou que os trabalhadores estão sem acordo coletivo desde 1º de agosto de 2025 e que a empresa vem prorrogando o documento mês a mês, com previsão de término em 15 de dezembro de 2025. “Depois desse período, ficamos sem acordo”, disse. “As cláusulas que estão acima da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] deixam de ter garantia.”

Ele também cobrou um aporte emergencial do governo federal do Brasil, diante das dificuldades dos Correios para obter empréstimos. O Tesouro Nacional vetou, na noite de terça-feira, 02 de dezembro de 2025, a garantia ao empréstimo de R$ 20 bilhões solicitado pela estatal. “O serviço postal é previsto na Constituição, é um direito da população, e cabe ao governo mantê-lo. É necessário garantir a entrega de encomendas, cartas e serviços sociais que os Correios prestam”, argumentou Melo.

Em junho de 2025, o sindicato já havia apontado atrasos no pagamento de terceirizados e problemas no plano de saúde, o que resultou em paralisação de motoristas na zona sul de São Paulo e atrasos nas entregas. Com prejuízo de R$ 2,59 bilhões em 2024, os Correios anunciaram em maio de 2025 um plano de corte de despesas de R$ 1,5 bilhão para 2025, incluindo PDV, redução de jornada e suspensão de férias.

O Sintect-SP, contudo, defende a contratação dos 3,5 mil aprovados em concurso realizado em dezembro de 2024, contrapondo as medidas de contenção de gastos. Ainda em junho de 2025, a categoria ingressou com ação judicial contra a obrigatoriedade de retorno ao trabalho presencial, alegando que a medida aumenta os custos da empresa e é incompatível com a atual política de enxugamento de despesas.

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