Na segunda-feira, 7 de abril de 2025, o Crescente Vermelho Palestino declarou que autópsias de 15 médicos e socorristas mortos por forças israelenses em Gaza no dia 23 de março revelaram disparos no tronco superior, indicando “intenção de matar”. A informação, detalhada em reportagem do The New York Times publicada na quinta-feira, 27 de março de 2025, refere-se a um ataque em Rafah, sul da Faixa de Gaza, cinco dias após o reinício da ofensiva israelense contra o Hamas em 18 de março.
O ataque ocorreu no bairro Tel Sultan, quando tropas da IDF abriram fogo contra um comboio de veículos suspeitos, matando oito funcionários do Crescente Vermelho, seis da Defesa Civil Palestina (ligada ao Hamas) e um da UNRWA, conforme dados do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA). Inicialmente, a IDF alegou que os veículos viajavam sem faróis ou luzes de emergência, mas um vídeo de um dos médicos mortos, publicado pelo Times, mostrou ambulâncias marcadas com luzes acesas, contradizendo a versão inicial baseada no depoimento dos soldados.
Younis Al-Khatib, presidente do Crescente Vermelho na Cisjordânia, afirmou em Ramallah que as autópsias apontaram disparos deliberados na parte superior do corpo: “Não podemos revelar tudo, mas os mártires foram alvejados com intenção de matar.” Ele exigiu uma comissão internacional independente para investigar o caso, questionando: “Por que esconderam os corpos?” Palestinos acusam a IDF de tentar encobrir o incidente ao enterrar os corpos em uma vala comum, alguns com mãos atadas, o que o exército nega.
A IDF informou que os soldados, da Brigada Golani, estavam em uma emboscada desde 4h do dia 23 de março, após um confronto com um veículo policial do Hamas às 4h30. Às 6h, ao perceberem o comboio como ameaça — com drones indicando movimento suspeito —, abriram fogo. Seis dos mortos foram identificados como operativos do Hamas, mas a IDF não os nomeou, prometendo detalhes ao fim da investigação conduzida pelo Mecanismo de Avaliação de Fatos do Estado-Maior, ordenada pelo chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, após relatório inicial do Comando Sul em 7 de abril. A IDF negou encobrimento, afirmando ter notificado a ONU sobre o local da vala, onde os corpos foram cobertos com areia para evitar animais, prática considerada padrão, mas criticada pelo Crescente Vermelho como “degradante”.
Um vídeo de 19 minutos, gravado pelo paramédico Rifaat Radwan do Crescente Vermelho e divulgado na segunda-feira, mostra a busca pelo primeiro comboio atingido. Radwan, identificado pelo Times, diz: “Estamos chamando, mas ninguém responde”, mencionando colegas desaparecidos antes de o som de tiros interromper a gravação. Suas últimas palavras, “Os soldados israelenses estão vindo”, precedem cinco minutos de disparos. A IDF admitiu que a ausência de luzes foi um erro inicial, mas não confirmou se os ocupantes estavam armados. O incidente, o mais letal contra trabalhadores do Crescente Vermelho desde 2017, eleva a contagem da ONU de 1.060 profissionais de saúde mortos desde outubro de 2023, após o ataque do Hamas que matou 1.200 pessoas e sequestrou 251, de acordo com o The Times Of Israel.