A Polícia Federal (PF) identificou José Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo” e empresário do setor de limpeza urbana, como um dos principais articuladores políticos e operadores de influência em um esquema de desvio de emendas parlamentares investigado na Operação Overclean. A informação, detalhada na decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a terceira fase da operação na semana passada, foi publicada pelo O Globo na quinta-feira, 27 de março de 2025.
A PF descreve Moura como líder do “núcleo central” da organização criminosa (ORCRIM), com influência significativa entre políticos, especialmente em prefeituras da Bahia e até na administração de Belo Horizonte, onde teria interferido em nomeações. “Ele é responsável pelo financiamento das operações ilícitas, pela coordenação das atividades criminosas e pela expansão da influência da organização na administração pública”, afirma um relatório do inquérito. As investigações apontam que Moura movimentou R$ 80,2 milhões em transações suspeitas, parte de um esquema estimado em R$ 1,4 bilhão pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Preso anteriormente durante a operação, Moura obteve habeas corpus para responder em liberdade, mas voltou a ser alvo de buscas na terceira fase, deflagrada em abril de 2025. A PF solicitou nova prisão, negada por Nunes Marques, que justificou: “Não há fatos novos desde as medidas cautelares deferidas pelo TRF-1 que exijam a volta da prisão preventiva nesta etapa.” A decisão mantém Moura livre enquanto a investigação avança, já tendo identificado mais de cem suspeitos e analisando codinomes em planilhas apreendidas nas fases iniciais, iniciadas em dezembro de 2024.
A Operação Overclean expõe um esquema de fraudes e superfaturamento que teria desviado recursos públicos por meio de emendas, com Moura como figura-chave na conexão entre política e negócios. A recusa do STF em prendê-lo novamente levanta debates sobre a efetividade das medidas judiciais, enquanto a investigação segue para desvendar a extensão da rede criminosa e seu impacto nas finanças públicas, de acordo com a Revista Oeste.