O Supremo Tribunal Federal (STF) promoveu um evento na quarta-feira, 4 de junho de 2025, às 10h, na sala de sessões da Segunda Turma, com a participação do professor alemão Thomas Pogge, da Universidade de Yale, apesar de seu histórico de acusações de assédio sexual. O anúncio foi feito na página do STF no LinkedIn, destacando Pogge, especialista em filosofia, como palestrante ao lado da advogada ambiental Alessandra Lehmen e do diplomata Marco Tulio Cabral, chefe do Núcleo de Florestas para a COP30.
Segundo o HuffPost, Pogge enfrentou críticas da comunidade acadêmica por condutas inadequadas, com denúncias de assédio sexual desde os anos 1990, quando lecionava na Universidade Columbia, e em 2010, já em Yale. As acusações incluem comportamentos impróprios com alunas de pós-graduação e a escrita de cartas de recomendação para estudantes sem vínculo acadêmico, supostamente para estabelecer relações pessoais íntimas. “Isso compromete a reputação dos estudantes e inviabiliza a colaboração com ele”, afirmou Shelly Kagan, professor de filosofia de Yale, em 2016.
Em 2010, a ex-aluna Fernanda Lopez Aguilar acusou Pogge de assédio e retaliação profissional após rejeitar suas investidas durante uma viagem de pesquisa ao Chile, alegando que ele criou um ambiente sexualizado e retirou uma oferta de emprego. Yale investigou e confirmou conduta não profissional, mas não assédio, aplicando apenas uma reprimenda por uso indevido de papel timbrado. Mais de mil acadêmicos, incluindo a maioria do departamento de filosofia de Yale, assinaram uma carta aberta condenando Pogge, com Kagan destacando o “dano ao departamento”.
Pogge negou as acusações, admitindo apenas que poderia ter agido differently em algumas situações. “Se foi errado, foi errado. Não fiz nenhum movimento”, disse em entrevista. Além das denúncias, sua obra World Poverty and Human Rights, que responsabiliza países ricos pela pobreza global, e o Health Impact Fund (HIF), projeto para incentivar medicamentos para doenças negligenciadas, enfrentam críticas por viabilidade econômica e falta de apoio prático.
A Revista Oeste questionou o STF sobre os critérios para convidar Pogge, mas não obteve resposta até a publicação. O evento, que discute temas como justiça global e sustentabilidade, gerou controvérsia devido ao histórico do professor.