Os editoriais da Folha de S.Paulo, publicado na quinta-feira, 5 de junho de 2025, e do O Estado de S. Paulo, na sexta-feira, 6 de junho, repudiaram a condenação do humorista Léo Lins a oito anos de prisão e multa de quase R$ 2 milhões por piadas feitas em um show de stand-up em 2022, classificando-a como um ataque à liberdade de expressão e uma prática típica de regimes autoritários.
O Estadão descreveu a sentença como “um ponto de inflexão alarmante” na democracia brasileira, destacando que Lins foi punido não por incitar violência ou discriminação, mas por “satirizar grupos sociais”. O jornal critica a Lei 14.532/2023, sancionada por Lula, que agrava penas por ofensas em contextos humorísticos, chamando-a de “aberração jurídica” incompatível com o pluralismo. “A toga virou armadura ideológica, e o Código Penal, um instrumento de censura”, afirmou, enfatizando que “libertar o humor do arbítrio estatal é condição da liberdade”.
A Folha classificou a decisão da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo como “medida típica de ditaduras”, lamentando sua ocorrência em um país democrático desde 1985. A juíza Bárbara de Lima Iseppi baseou a condenação nas leis 7.716/1989 e 13.146/2015, alegando que Lins promoveu “discriminação ou preconceito” contra negros, pessoas com deficiência e nordestinos. Contudo, a Folha aponta que a magistrada ignorou precedentes, como a decisão da 5ª Turma do STJ em 2023, que suspendeu um inquérito contra outro humorista por ausência de dolo discriminatório em contexto humorístico. O jornal reforça que a Constituição protege a “livre expressão da atividade artística” e que shows de stand-up, por natureza, utilizam estereótipos para desafiar limites morais.
Os editoriais da Gazeta do Povo (quarta-feira, 4 de junho) e O Globo (quinta-feira, 5 de junho) também abordaram o caso. A Gazeta destacou o “avanço preocupante” da criminalização da liberdade de expressão, qualificando o Brasil como um “paraíso das aberrações jurídicas”. O Globo chamou a sentença de “absurda” e um ato de censura, reconhecendo que as piadas de Lins, embora de mau gosto, “não põem ninguém em risco” e não configuram crimes, mas sim expressão artística, segundo a Revista Oeste.