The Times Of Israel/Reprodução

Na quinta-feira, 10 de abril de 2025, cerca de mil veteranos da Força Aérea Israelense (IAF), majoritariamente aposentados, publicaram uma carta exigindo a libertação dos reféns em Gaza, mesmo que isso signifique encerrar a guerra contra o Hamas. A resposta da IDF foi imediata: todos os reservistas da ativa que assinaram o documento serão demitidos por usar a “marca da Força Aérea Israelense” para protestar contra questões políticas, conforme reportado pelo The Times of Israel em 27 de março de 2025.

A carta, veiculada como anúncio em jornais israelenses, não pediu recusa generalizada ao serviço, mas instou o governo a priorizar os reféns sobre a continuação do conflito, que os signatários alegam agora atender a “interesses políticos e pessoais” em vez da segurança nacional. “A guerra não avança seus objetivos declarados e levará à morte de reféns, soldados e civis inocentes”, diz o texto. “Só um acordo com o Hamas pode trazê-los de volta em segurança, enquanto a pressão militar resulta em mortes e riscos aos nossos soldados.” O grupo convocou os cidadãos a se mobilizarem.

A IDF identificou que, dos quase mil signatários, apenas 60 eram reservistas ativos — poucos pilotos competentes, a maioria em funções administrativas —, e esses serão dispensados. Cerca de 40 reservistas retiraram suas assinaturas antes da publicação após conversas com a IAF. O comandante da IAF, Major General Tomer Bar, tentou impedir a divulgação, originalmente planejada para terça-feira, 8 de abril. Após a publicação, Bar e o Chefe do Estado-Maior, Tenente General Eyal Zamir, decidiram pela demissão, afirmando: “Reservistas não podem usar a marca da IAF para protestos políticos. É inadmissível alguém trabalhar no comando e depois expressar desconfiança na missão.”

Entre os signatários estão ex-líderes como Dan Halutz, ex-chefe do Estado-Maior da IDF, e Nimrod Sheffer, ex-chefe da Diretoria de Planejamento. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apoiou a decisão, chamando a carta de “recusa disfarçada” e os signatários de “extremistas marginais” que enfraquecem a IDF e fortalecem inimigos em tempo de guerra, visando “derrubar o governo”. O ministro da Defesa, Israel Katz, rejeitou a carta como uma tentativa de minar uma “guerra justa”, confiando na ação de Bar e Zamir.

Parlamentares da extrema-direita, como Simcha Rothman (Sionismo Religioso) e Almog Cohen (Otzma Yehudit), foram mais longe. Rothman pediu a demissão de todos os signatários, classificando a carta como parte de uma “campanha midiática” contra o governo. Cohen a chamou de “convite a outro massacre”, exigindo a destituição imediata dos reservistas ativos e a revogação de patentes e pensões dos aposentados, alertando: “O inimigo afia suas facas, e o sangue das vítimas está na testa dos refuseniks.”

A IDF já dispensou pelo menos dois oficiais reservistas por recusa ao serviço, como Alon Gur, navegador de combate da IAF, que citou um “limite ultrapassado” e o abandono dos cidadãos. Embora vistos como casos isolados, oficiais temem que a recusa se amplie. Em 2023, durante protestos contra a reforma judicial, centenas de reservistas ameaçaram não servir, mas após o ataque do Hamas em 7 de outubro — que matou 1.200 pessoas e sequestrou 251 —, quase 300 mil atenderam ao maior chamado de reservistas da história de Israel. A carta reacende o debate sobre o equilíbrio entre guerra e negociações, desafiando a estratégia de Netanyahu de derrotar o Hamas antes de priorizar os reféns, de acordo com o The Times Of Israel.

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