Nesta terça-feira, 17 de junho de 2025, a Polícia Federal (PF) entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) o relatório final do inquérito sobre a “Abin paralela”, indiciando mais de 30 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu filho Carlos Bolsonaro e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL-RJ). O documento aponta Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que teria operado um esquema ilegal de espionagem, com Ramagem como chefe operacional durante sua gestão na Abin, iniciada em 2019.
Além do trio, a lista de indiciados inclui policiais federais afastados desde 2024, ex-assessores de Bolsonaro como Tércio Arnaud Thomaz e José Matheus Salles Gomes (“Zueiro”), e figuras da Abin, como o ex-secretário de Planejamento Paulo Maurício Fortunato, acusado de implementar o software First Mile, usado para monitoramento ilegal. Fortunato, que atuou em gestões anteriores e no governo Lula, também teria tentado obstruir as investigações. Outros indiciados são o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, o chefe de gabinete Luiz Carlos Nóbrega Nelson, o corregedor José Fernando Moraes Chuy e o delegado Alessandro Moretti, ex-número dois da agência e aliado do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que permaneceu na Abin em 2023.
As investigações, iniciadas em 2019, revelaram o uso do First Mile e outras práticas de vigilância ilícita pela Abin durante o governo Bolsonaro. Evidências recentes apontam tentativas de obstrução, o que ampliou a lista de indiciados. O relatório foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, que o enviará ao Ministério Público (MP). A PGR decidirá se apresenta denúncia, arquiva o inquérito ou solicita mais diligências. Caso a denúncia seja aceita pela Justiça, os indiciados podem se tornar réus, segundo a Revista Oeste.