Em uma entrevista televisionada, o Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, reconheceu que os ataques dos Estados Unidos causaram danos sérios às instalações nucleares de Teerã. Essa admissão ocorre apesar das declarações do Ayatollah Ali Khamenei, que insistia em um impacto mínimo.
Araghchi afirmou que “o nível de dano é alto, e é um dano sério”. Avaliações pós-ataque mostraram que os locais nucleares do Irã sofreram danos tanto pelos ataques dos EUA quanto de Israel. Todos os três países — Irã, Israel e os EUA — chegaram a conclusões semelhantes sobre a extensão dos danos, apesar do que um relatório de inteligência vazado indicava.
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De acordo com o Fox News, o Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, contradiz o Ayatollah Ali Khamenei sobre a extensão dos danos causados pelos ataques dos EUA às instalações nucleares do país.
O único líder que aparentemente não concorda com as avaliações é o Ayatollah Ali Khamenei, que afirmou que “os americanos não conseguiram alcançar nada significativo em seu ataque às instalações nucleares”. Khamenei parece estar mais focado em projetar força do que refletir a realidade. Ele descreveu o ataque do Irã à base aérea americana Al-Udeid, no Catar, como um “tapa pesado no rosto dos EUA”. Enquanto isso, o ex-Presidente dos EUA Donald Trump desconsiderou o ataque como uma “resposta muito fraca” e agradeceu ao Irã por dar aos EUA “aviso antecipado”.
O Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, declarou em um comunicado na terça-feira que a agência havia “visto danos extensos em vários locais nucleares no Irã, incluindo suas instalações de conversão e enriquecimento de urânio”.
Imagens de satélite da Planet Labs PBC mostram o local subterrâneo de enriquecimento nuclear do Irã em Fordo após os ataques aéreos dos EUA direcionados à instalação, no domingo, 22 de junho de 2025.
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Além de discutir os danos causados aos locais nucleares do Irã, Araghchi também abordou a possibilidade de retomar as conversas com os EUA. Ele disse que os ataques americanos “tornaram mais complicado e mais difícil” para o Irã sentar à mesa de negociações, mas não descartou a possibilidade de que as negociações possam ser retomadas. As conversas nucleares com os EUA podem não estar completamente fora de questão para o Irã após os ataques da semana passada, mesmo que Teerã não esteja interessado em reentrar nas negociações imediatamente.
A possibilidade de negociações já estava em questão antes da Operação Midnight Hammer, já que Teerã via os EUA como “cúmplices” na Operação Rising Lion de Israel, de acordo com a Reuters, citando o embaixador iraniano na ONU, Ali Bahreini.
O ex-Presidente dos EUA Donald Trump expressou otimismo na quarta-feira sobre a capacidade dos EUA de retomar as conversas nucleares com o Irã. “Vamos falar com eles na próxima semana, com o Irã. Podemos assinar um acordo, eu não sei. Para mim, eu não acho que seja tão necessário. Quero dizer, eles tiveram uma guerra. Eles lutaram. Agora estão voltando ao seu mundo. Eu não me importo se tenho um acordo ou não. A única coisa que pediríamos é o que pedimos antes, queremos sem programa nuclear. Mas destruímos o nuclear”, disse Trump.
Apesar da declaração de Trump, ainda não há indicação clara de que os países tenham planos de se encontrar no futuro próximo.