Joédson Alves/Agência Brasil

No final de junho de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Janja da Silva visitaram a Favela do Moinho, no centro de São Paulo, em uma agenda articulada com a Associação da Comunidade do Moinho. Reportagens apontam que a sede da entidade, localizada na Rua Doutor Elias Chaves, número 20, foi usada como depósito de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC). Durante a Operação Salus et Dignitas, em agosto de 2023, a Polícia Civil encontrou cocaína, crack e maconha no local, próximo ao campo de futebol comunitário.

A presidente da associação, Alessandra Moja Cunha, irmã de Leonardo Monteiro Moja, o Léo do Moinho, preso em 2023 por chefiar o tráfico na região, tem condenação por homicídio e é acusada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) de ligação com o PCC. Sua filha, Yasmin Moja, representou a associação em pelo menos cinco reuniões com a Secretaria-Geral da Presidência entre novembro de 2024 e junho de 2025, envolvendo secretários de pastas como Justiça, Direitos Humanos e Gestão. Um vídeo divulgado por Alessandra mostra um encontro com a secretária-executiva Kelli Mafort e outros representantes federais, com moradores gritando em apoio à permanência na área.

Dois dias antes da visita, o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral, reuniu-se com a associação para ajustar detalhes do evento. Durante a passagem pela comunidade, Lula anunciou a realocação de cerca de 900 famílias, com cada núcleo recebendo até R$ 250 mil (R$ 180 mil da União e R$ 70 mil do governo estadual) para transferência, sem demolição de moradias antes do processo. O terreno, pertencente à União, será transformado em parque. Parlamentares do PT e do Psol também estiveram presentes.

O MP-SP afirma que a família Moja consolidou a favela como ponto de distribuição de drogas, favorecida pela ausência do Estado. Em nota, Macêdo defendeu que o diálogo com lideranças comunitárias é essencial para políticas de inclusão e habitação. A Secretaria de Comunicação destacou a transparência da agenda, conduzida com Flavia Maria da Silva, porta-voz idônea escolhida pela comunidade, e incluiu um ato na quadra poliesportiva, visita a uma escola com coral infantil e uma cortesia à casa de Flavia. A segurança do presidente e da comitiva seguiu rigorosos protocolos, sem riscos identificados.

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