O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, esteve à beira das lágrimas em 15 de setembro de 2025, durante um discurso emocionado na reabertura da Sinagoga da Reichenbachstrasse, em Munique. Usando um quipá e com a voz embargada, Merz abordou a história dolorosa da sinagoga, recordou os horrores nazistas durante o Holocausto e expressou choque com o ressurgimento do antissemitismo no país.
A cerimônia contou com a presença de figuras importantes, como Charlotte Knobloch, presidente da comunidade judaica de Munique, o embaixador de Israel, Ron Prosor, e Josef Schuster, presidente do Conselho Central de Judeus na Alemanha. O evento não foi apenas uma homenagem, mas também uma declaração de compromisso do chanceler em combater o antissemitismo e garantir uma vida judaica segura na Alemanha atual, invocando o lema “Nunca mais”.
“Estamos reabrindo a sinagoga pela terceira vez, novamente sob condições extremamente difíceis”, afirmou Merz, referindo-se à situação atual de antissemitismo na Alemanha. “Policiais montam guarda do lado de fora da sinagoga. Todas as celebrações hoje ocorrerão, sem exceção, sob proteção policial. A polícia está presente em toda a Alemanha, vigiando creches, escolas, restaurantes e cafés judaicos. O antissemitismo nunca desapareceu da República Federal da Alemanha, e muitos de vocês sabem disso por experiência amarga.”
“Isso significa”, prosseguiu Merz, “que uma geração inteira de judeus na Alemanha conhece a vida pública judaica apenas sob as medidas de segurança mais rigorosas. E, no entanto, eu queria acreditar, como muitos alemães, que talvez um dia as coisas melhorassem.”
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“Então veio o dia 07 de outubro de 2023 – o maior assassinato em massa de judeus desde o Holocausto, um ato monstruoso e bárbaro. Ainda estamos lidando com aquele dia. Em algumas ruas da Alemanha, as pessoas celebraram. Aquele dia deixou claro que, na política e na sociedade, fechamos os olhos por tempo demais para o fato de que uma porção significativa daqueles que chegaram à Alemanha nas últimas décadas foi criada em países onde o antissemitismo é quase uma doutrina de Estado – e onde o ódio a Israel é ensinado às crianças nas escolas”, disse Merz, ao falar sobre o comportamento antissemita entre imigrantes muçulmanos e árabes na Alemanha.
De acordo com o Israel National News, “desde 07 de outubro, todos testemunhamos uma nova onda de antissemitismo em uma forma velha-nova, abertamente e de forma velada, em palavras e ações, nas redes sociais, nas universidades e em espaços públicos”, continuou o chanceler. “Quero dizer a vocês o quanto me envergonho, como chanceler da República Federal da Alemanha, mas também como cidadão alemão, filho da geração pós-guerra, criado com ‘Nunca mais’ como missão, dever e promessa.”
“Senhoras e senhores”, concluiu Merz, “em nome do governo federal, quero afirmar que faremos tudo ao nosso alcance para garantir que judeus em toda a Alemanha possam viver, celebrar e estudar sem medo, para que uma geração de crianças judaicas cresça aqui e compartilhe com orgulho sua identidade judaica a qualquer hora e em qualquer lugar. Quero dizer a todos os cidadãos do nosso país: é nosso dever, mais do que nunca, dar significado real a ‘Nunca mais’ – nossa obrigação histórica compartilhada.”
A sinagoga, inaugurada pela primeira vez em 1931, representou um marco na história da comunidade judaica de Munique. As tensões daquela época, no auge da ascensão nazista ao poder, moldaram o clima da cerimônia original. Sete anos depois, durante a Noite dos Cristais em novembro de 1938, a sinagoga foi amplamente destruída, embora não completamente queimada – supostamente por preocupações com danos a edifícios vizinhos, que os nazistas alegavam não pertencer a judeus.
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Após a Segunda Guerra Mundial, a sinagoga foi restaurada temporariamente e serviu como centro judaico até 2006, quando a comunidade judaica se mudou para a nova Sinagoga Ohel Yaakov, na Jacobplatz. Em 2011, a escritora e ativista judaica Rachel Salamander fundou uma organização para preservar a sinagoga e restaurar seu propósito religioso e comunitário.