Ricardo Botelho/MME/ANM

A investigação sobre um possível esquema de corrupção na Agência Nacional de Mineração (ANM), no Brasil, avançou com a descoberta pela Polícia Federal (PF) de uma planilha que indica o pagamento de R$ 7,2 milhões em propina.

Os agentes da PF encontraram o documento durante a Operação Rejeito, que apura crimes ambientais no setor de mineração em Minas Gerais.

A planilha estava em uma captura de tela na nuvem de um dos suspeitos, com a rubrica “Aquisição ANM Completo” e detalhes de valores ligados ao projeto “Rancho do Boi”, localizado na Serra do Curral.

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A PF ressaltou a localização estratégica do empreendimento, próximo a áreas de proteção ambiental, o que pode prejudicar ecossistemas sensíveis.

Essa descoberta reforça a suspeita de que o grupo destinou recursos para influenciar decisões administrativas na ANM.

De acordo com o Revista Oeste, um relatório enviado à Justiça pela PF solicita uma investigação financeira separada, considerando o indício significativo de corrupção na autarquia federal.

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Entre as irregularidades identificadas, há a duplicidade nas aprovações de um relatório de pesquisa, permitindo que empresas suspeitas operem na área de mineração sem a documentação legal adequada.

Além disso, a PF considerou falha a análise sobre o tombamento de uma região de 66,6 hectares, que afeta o Parque Estadual da Serra do Rola Moça e áreas protegidas da Serra do Curral.

Apesar dessas evidências, a ANM não iniciou o procedimento administrativo previsto para lidar com a sobreposição de áreas protegidas, nem envolveu os órgãos gestores das unidades de conservação como participantes nas decisões.

A Nota Técnica questiona a confiabilidade dos documentos usados pela ANM para justificar a ausência de interferência, apontando que eles não foram obtidos do sistema oficial SIG-Áreas, o que compromete a legitimidade da análise técnica.

Segundo a investigação, o diretor da ANM, Caio Mário Trivellato Seabra Filho, agiu de forma deliberada e coordenada com outros membros da organização criminosa, visando favorecer interesses privados.

O empresário Alan Cavalcante do Nascimento, proprietário de empresas e de uma jazida na Serra do Curral, seria o líder do grupo.

O inquérito também sugere que servidores de órgãos ambientais e de mineração, tanto estaduais quanto federais, receberam propina para conceder autorizações e licenças ambientais fraudulentas.

Esses indícios expandem o alcance da investigação da PF e fortalecem a tese de corrupção no setor.

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