Nos Estados Unidos, uma tendência preocupante está se espalhando: governos estaduais estão criminalizando conversas entre terapeutas e crianças.
No estado do Colorado, a Lei da Câmara 25-1312 torna ilegal que profissionais licenciados ofereçam terapia de conversa para ajudar menores a explorar ou reconciliar seus sentimentos sobre gênero, a menos que o terapeuta afirme imediatamente uma identidade autodeclarada. A constitucionalidade dessa lei foi discutida nesta semana perante a Suprema Corte no caso Chiles v. Salazar, que pode decidir se os serviços de aconselhamento para menores lidando com confusão de gênero são protegidos pela Primeira Emenda.
PUBLICIDADE
Defensores afirmam que isso protege jovens vulneráveis. Na realidade, isso os silencia — e também a seus terapeutas.
O Colorado argumenta que, como o aconselhamento ocorre em uma profissão licenciada, o governo pode controlar o conteúdo da discussão. Mas a Suprema Corte rejeitou essa lógica no caso NIFLA v. Becerra, confirmando que o governo não pode contornar a Primeira Emenda rotulando o discurso como “conduta profissional”.
A liberdade de expressão não termina na porta do consultório terapêutico.
Como alguém que passou décadas trabalhando com crianças traumatizadas — incluindo aquelas em lares adotivos e vítimas de violência —, sei que a cura começa com diálogo aberto, não com censura. A capacidade de falar livremente sobre experiências, medos e confusão é a base do tratamento de saúde mental. Quando o governo dita o que pode ou não ser dito, não está protegendo crianças — está as silenciando no momento em que mais precisam ser ouvidas.
PUBLICIDADE
A Associação Americana de Psicologia (APA) e organizações aliadas alegam um “consenso científico” que apoia essas proibições. No entanto, a própria revisão da APA admite que não há estudos cientificamente rigorosos provando que a terapia de conversa para menores é prejudicial ou ineficaz. Apesar dessa ausência de evidências, a APA rotula tal terapia como perigosa e exige conformidade em todo o país. Isso é ideologia, não ciência.
A ciência do desenvolvimento conta uma história muito diferente. Crianças e adolescentes ainda estão crescendo — não apenas fisicamente, mas neurologicamente. O córtex pré-frontal, responsável pelo controle de impulsos, julgamento e tomada de decisões de longo prazo, continua se desenvolvendo até meados dos vinte anos. Isso significa que os jovens carecem da maturidade biológica para compreender as consequências vitalícias de intervenções médicas irreversíveis.
Ainda assim, muitos estados estão acelerando o caminho de crianças para bloqueadores de puberdade, hormônios cruzados e cirurgias — procedimentos que podem resultar em esterilização, problemas crônicos de saúde e dor psicológica profunda. Enquanto isso, essas mesmas crianças são informadas de que não podem nem discutir seus sentimentos com um terapeuta licenciado que poderia ajudá-las a desacelerar, fazer perguntas e abordar questões subjacentes, como trauma, ansiedade ou instabilidade familiar.
Em todas as outras áreas da saúde mental, paciência, exploração e consentimento informado são consideradas melhores práticas. Mas quando se trata de gênero, a ideologia substituiu a investigação. Os mesmos grupos profissionais que insistem que menores não podem consentir com terapia agora insistem que eles podem consentir com intervenções médicas esterilizantes. Essa contradição expõe a natureza política do movimento que impulsiona essas proibições — não está fundamentado em rigor científico ou ética clínica.
A Primeira Emenda existe precisamente para proteger o discurso que desafia a ortodoxia predominante. Ela protege jornalistas, professores, pastores e, sim, terapeutas. O direito de falar e buscar compreensão por meio da conversa é fundamental tanto para a liberdade quanto para a cura.
Quando estados como o Colorado criminalizam a terapia de conversa, não violam apenas direitos constitucionais — traem crianças vulneráveis. Jovens enfrentando questões profundas sobre identidade merecem compaixão, tempo e liberdade para explorar todos os aspectos de sua experiência sem interferência governamental.
A Suprema Corte deve mais uma vez afirmar o que a Constituição já deixa claro: discurso é discurso. Crianças merecem cuidados enraizados na verdade e na liberdade, não na ideologia e na coerção. Quando silenciaremos terapeutas, silenciaremos a esperança.
De acordo com o Daily Wire, a Dra. Jennifer Bauwens atua como Diretora do Centro para Valores Americanos no America First Policy Institute.
As opiniões expressas nesta peça são as da autora e não representam necessariamente as do The Daily Wire.