Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o inquérito em que é investigado seja mantido em sigilo, conforme publicado pela Gazeta do Povo em 27 de março de 2025. Ele argumenta que a exposição pública do processo seria um “erro crasso e pueril”, comprometendo a segurança nacional, de autoridades dos Poderes da República e de seus familiares.
Tagliaferro alertou que o inquérito contém dados de 3.608 pessoas, incluindo diplomatas, o diretor da Organização dos Estados Americanos (OEA), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, além de membros da Presidência e familiares de ministros. Segundo ele, o acesso irrestrito a essas informações expõe tais figuras aos “mais vorazes inimigos da democracia”. O pedido veio após a Gazeta do Povo divulgar conversas públicas do inquérito, nas quais Tagliaferro expressava medo de Moraes e receio de ser preso ou morto por informações sensíveis que possuía.
A Polícia Federal indiciou Tagliaferro por “violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública”. O inquérito apura o vazamento de mensagens de Moraes a servidores do TSE e STF, supostamente repassadas à Folha de S.Paulo. A investigação se baseou em depoimentos e quebra de sigilo telemático. Tagliaferro foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE entre agosto de 2022 e maio de 2023, período em que mensagens revelaram práticas controversas.
Reportagens da Folha de S.Paulo em agosto de 2024 expuseram conversas de Tagliaferro com outros assessores de Moraes, mostrando que o ministro selecionava alvos para investigação e orientava a produção de relatórios para justificar decisões. Em um caso, o juiz Airton Vieira, assessor de Moraes no STF, instruiu Tagliaferro a “usar a criatividade” para classificar a revista Oeste como “golpista”. Vieira elaborava relatórios monitorando políticos, influenciadores, mídia e perfis de redes sociais críticos ao TSE, STF ou Moraes, que embasaram remoções de conteúdo, suspensões de perfis e inquéritos, como o das Fake News, de acordo com a Revista Oeste.