O jornal britânico Financial Times destacou, em reportagem publicada na terça-feira, 1º de abril de 2025, que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro é um evento “arriscado” para o cenário político brasileiro. A publicação aponta que o processo intensifica a polarização no país, dividindo apoiadores da inocência de Bolsonaro e defensores de sua punição, enquanto o mundo acompanha os desdobramentos.
Em entrevista ao jornal, Bolsonaro afirmou ser alvo de perseguição política no Brasil, com o objetivo de eliminá-lo da disputa eleitoral de 2026. “Eles querem tirar qualquer chance de meu nome estar nas urnas no próximo ano”, declarou, sugerindo que seus opositores buscam neutralizar sua influência. O Financial Times também abordou a saída do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) do país, interpretada como uma estratégia para angariar apoio internacional, incluindo de parlamentares republicanos dos EUA, que enviaram uma carta ao presidente Donald Trump pedindo sanções econômicas e o cancelamento do visto do ministro Alexandre de Moraes.
O jornal alerta que o julgamento pode fortalecer Bolsonaro politicamente, transformando-o em um “mártir” semelhante a Trump após a invasão do Capitólio em 2021. A publicação sugere que, em vez de enfraquecer sua base, as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) e a atuação do STF podem aumentar sua popularidade. O deputado Rodrigo Valadares (União-SE) reforçou essa visão: “Esse julgamento não abala o capital político de Bolsonaro, nem perante a população, nem perante sua base. Ele entrou para a história e paga um preço alto, mas nunca será visto como traidor. A população entende o que está acontecendo.”
A análise do Financial Times sublinha a tensão entre a judicialização do caso e suas implicações políticas, com a investigação da suposta trama golpista acirrando a disputa no Brasil. Enquanto a defesa de Bolsonaro vê no processo uma tentativa de silenciá-lo, seus aliados acreditam que a narrativa de perseguição só fortalece sua imagem de resistência, segundo a Revista Oeste.
