Oitenta anos após o Holocausto, quando seis milhões de judeus foram assassinados enquanto o mundo assistia, incluindo a irmã e a maior parte da família da mãe do autor, a Organização das Nações Unidas divulgou um relatório acusando o Estado judeu de cometer genocídio, e a ironia grotesca é impossível de ignorar.
Um órgão fundado após o crime mais sombrio da humanidade agora usa essa mesma palavra como arma contra os descendentes de suas vítimas, um povo que mais uma vez luta pela sobrevivência contra um inimigo abertamente e orgulhosamente genocida.
A conclusão da Comissão Independente Internacional de Inquérito da ONU de que Israel cometeu quatro dos cinco atos genocidas definidos pela Convenção de Genocídio de 1948 não é apenas infundada, mas uma inversão perigosa da realidade.
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O autor sempre teve profundo respeito pela ONU e sua importância, mas 80 anos após o Holocausto, no qual seis milhões do povo judeu foram assassinados, liberar um relatório tão tóxico, não confiável e enviesado empurra até apoiadores firmes como ele para o lado oposto.
Esse relatório não trata de verdade, mas de política, e no fundo, de deslegitimar a própria ideia de autodefesa judaica.
O relatório enterra o verdadeiro ponto de partida dessa guerra, o massacre de 07 de outubro.
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Naquele dia, terroristas do Hamas realizaram o maior abate de judeus desde o Holocausto, assassinando, estuprando e torturando famílias em suas casas, queimando crianças vivas e sequestrando mais de duzentos e cinquenta reféns para Gaza. Alguns, famintos e abusados, ainda estão lá dois anos depois.
Não foi um “contexto” ou um “evento de fundo”, foi o crime que forçou Israel a uma guerra que não escolheu.
No entanto, em quase dois anos de investigação, a comissão mal conseguiu mencionar isso. A omissão não é um descuido, é a base da corrupção do relatório, porque sem apagar o 07 de outubro, a acusação de genocídio desmorona completamente.
O objetivo de Israel desde o primeiro dia tem sido claro: desmantelar o Hamas, uma organização terrorista cujo estatuto fundador e declarações diárias pedem a exterminação de judeus.
A estratégia do Hamas foi se infiltrar em bairros civis, operar debaixo de hospitais e escolas, e usar crianças árabes palestinas como escudos humanos. Ele dispara foguetes de pátios escolares e estoca armas em mesquitas.
Nenhum outro exército na história enfrentou um inimigo que se esconde deliberadamente atrás de seu próprio povo, e ainda assim nenhum exército na história tomou medidas tão extraordinárias para proteger civis quanto as Forças de Defesa de Israel. Elas lançaram milhões de folhetos de evacuação, fizeram ligações para residências, criaram corredores humanitários e coordenaram entregas de ajuda, mesmo enquanto o Hamas as rouba e as transforma em armas.
Há tantas evidências disso que foram ignoradas de forma leviana pelos responsáveis por esse “relatório”.
Chamar isso de genocídio é obsceno. Genocídio é o que os nazistas fizeram aos judeus, o que os otomanos fizeram aos armênios, o que as milícias hutu fizeram aos tutsi. É a exterminação sistemática de um povo por causa de quem eles são.
Israel, por outro lado, luta pela sobrevivência contra um inimigo jurado de sua destruição, enquanto toma medidas que muitas vezes colocam seus próprios soldados em maior perigo para poupar civis. Equiparar isso a genocídio não é apenas uma mentira, é uma profanação da memória de genocídios reais.
O viés da comissão não é novo.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU é o único órgão na Terra com um item permanente na agenda que destaca um único país, o único Estado judeu.
Navi Pillay, a presidente dessa comissão, tem sido consistentemente acusada de antissemitismo, de obsessão por Israel e de se alinhar aparentemente com seus inimigos. Outro membro, Miloon Kothari, protestou contra um “lobby judeu” que controla as mídias sociais, e o terceiro, Chris Sidoti, minimizou o antissemitismo.
O fato de todos os três comissários anunciarem suas renúncias antes de liberar essa acusação abrangente é extremamente revelador e apenas sublinha sua falta de responsabilidade. Eles nunca terão que responder pelo dano que suas palavras causarão.
As consequências dessa distorção não são acadêmicas. Quando o relatório pede que estados parem transferências de armas para Israel, está pedindo que Israel seja privado dos meios para proteger seus cidadãos de foguetes, drones e túneis.
Quando insta por processos contra líderes de Israel, busca criminalizar o próprio ato de autodefesa judaica. Isso não é justiça, é rendição ao terrorismo disfarçada de direito internacional.
O que torna isso ainda mais vergonhoso é que joga diretamente nas mãos do Hamas. Ao lavar propaganda do Hamas através da ONU, a comissão encoraja terroristas, diz a eles que se esconder atrás de civis é uma estratégia eficaz e os assegura de que o mundo culpará Israel pelos crimes do Hamas. O relatório não nos aproxima da paz; torna a paz mais difícil ao recompensar aqueles que prosperam na violência e no martírio.
De acordo com o Israel National News, a comunidade internacional deve rejeitar essa farsa com o desprezo que merece. Democracias que valorizam verdade, justiça e o direito de autodefesa não devem permitir que o crime mais grave no direito internacional seja trivializado e usado como arma.
A história não perdoará um mundo que ficou em silêncio enquanto mentiras substituíram fatos e terroristas substituíram vítimas.
A ONU teve a chance de defender a integridade da justiça. Em vez disso, a manchou. O povo judeu continuará lutando pela sobrevivência, pela liberdade e pela verdade, como sempre fez, e não será repreendido sobre genocídio por aqueles que o ignoraram quando realmente importava.
Robert Singer é o presidente do Center for Jewish Impact (CJI) e ex-CEO do World Jewish Congress e da World ORT.