Lula Oficial/Wikimedia Commons/Agência Senado /Wikimedia Commons/ Reprodução

A decisão do Ministério da Fazenda de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) expôs divergências entre o ministro Fernando Haddad e o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, figuras centrais da política econômica do governo Lula. A medida, que visa arrecadar R$ 61,5 bilhões em dois anos, gerou desconforto e evidenciou falhas na coordenação entre os dois órgãos, reacendendo debates sobre a harmonia na gestão econômica.

Haddad, responsável por equilibrar as contas públicas, e Galípolo, focado no controle da inflação, que atingiu 5,53% nos 12 meses até abril de 2025, adotaram posturas conflitantes. O BC elevou a taxa Selic para 14,75%, o maior nível desde 2006, para desacelerar a economia, enquanto o governo implementou ações expansionistas, como a liberação de saques extraordinários do FGTS e a flexibilização do crédito consignado. O crescimento do PIB de 3,4% em 2024 e a alta de 3,8% no IBC-Br até março indicam uma economia aquecida, o que preocupa o BC por dificultar o controle inflacionário.

A falta de consulta prévia a Galípolo sobre o aumento do IOF, antes seu aliado próximo no Ministério da Fazenda, intensificou as tensões, abalando a confiança do mercado. Especialistas alertam que a descoordenação entre Fazenda e BC eleva a percepção de risco, levando à fuga de capitais e ao encarecimento do financiamento. A reação negativa do mercado forçou o Ministério da Fazenda a recuar parcialmente, mantendo alíquotas reduzidas para algumas operações, como investimentos no exterior.

Além do IOF, as visões sobre a taxa de juros também geram atritos. O BC defende a manutenção de juros altos por mais tempo, enquanto a Fazenda advoga por maior flexibilidade para estimular a economia. A comunicação desalinhada e as divergências públicas contrastam com a aparente harmonia inicial do governo, sugerindo desafios na condução da política econômica, segundo a Revista Oeste.

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