O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, avançaram nesta semana em um acordo sobre o TikTok, o que pode fortalecer as negociações para que a controladora ByteDance venda os ativos americanos do aplicativo de vídeos curtos, segundo especialistas.
Esse progresso, ainda que modesto, ocorre oito meses após o vencimento de um prazo legal para encerrar a propriedade chinesa do TikTok nos Estados Unidos, e segue longas discussões sobre uma possível venda.
Trump afirmou na rede social Truth Social, na sexta-feira, que apreciou “a aprovação do acordo do TikTok” por parte de Xi, após uma ligação entre os líderes das duas maiores economias do mundo.
A declaração de Xi não mencionou uma aprovação. Ela afirmou que “o governo chinês respeita a vontade das empresas e acolhe as negociações comerciais com base em regras de mercado para alcançar uma solução compatível com as leis e regulamentações chinesas, equilibrando interesses”, de acordo com o resumo da reunião na mídia estatal Xinhua.
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A China bloqueou um acordo similar sobre o aplicativo, usado por 170 milhões de americanos, em abril, durante uma disputa comercial.
De acordo com o Daily Wire, as leituras de Washington e Pequim sugerem que a ligação entre Trump e Xi correu bem, com palavras como “positivo” e “construtivo” sendo usadas por ambos os lados para caracterizar a importante conversa bilateral. “Embora os líderes aparentemente tenham abençoado o acordo do TikTok, detalhes importantes sobre questões como quem possuiria e controlaria o algoritmo permanecem obscuros”, disse Wendy Cutler, vice-presidente sênior do Instituto de Política da Sociedade Asiática.
De qualquer forma, meses de trabalho, no mínimo, estão à frente. Trump prorrogou nesta semana o prazo para concluir a alienação até 19 de dezembro. E parlamentares levantaram preocupações sobre detalhes relatados no acordo preliminar alcançado no início da semana em Madri.
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O Congresso ordenou o fechamento do aplicativo para usuários americanos até janeiro de 2025, se seus ativos nos EUA não fossem vendidos pelo proprietário chinês ByteDance.
Trump se recusou a aplicar a lei enquanto sua administração busca um novo proprietário, o que democratas dizem ser ilegal. Ele afirmou estar preocupado que uma proibição do aplicativo irritasse a enorme base de usuários do TikTok e interrompesse comunicações políticas. Ele minimizou em grande parte as preocupações de segurança nacional que motivaram o Congresso a exigir a alienação chinesa.
Eu gosto do TikTok; ele me ajudou a ser eleito”, disse Trump durante uma coletiva de imprensa na quinta-feira. “O TikTok tem um valor tremendo. Os Estados Unidos têm esse valor em mãos porque somos nós que temos que aprová-lo.
Scott Kennedy, chefe do programa de Negócios e Economia Chinesa no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, afirmou que “os contornos da conversa de hoje e nos últimos meses se alinham melhor com os interesses da China do que com os dos EUA”.
Ele acrescentou: “Estamos falando de acordos comerciais individuais. Não estamos falando de reformas estruturais chinesas”.
Questões chave sobre o acordo permanecem. A estrutura precisa de propriedade da empresa é incerta, assim como a quantidade de controle que a China reterá, ou se o Congresso aprovará.
O acordo transferiria os ativos americanos do TikTok para proprietários dos EUA a partir da ByteDance, relatou a Reuters. Fontes familiarizadas com o acordo disseram que o TikTok nos EUA ainda usaria o algoritmo da ByteDance.
Esse arranjo preocupa parlamentares temerosos de que Pequim possa espionar americanos ou conduzir operações de influência por meio do aplicativo. A China afirmou que não há evidências de ameaça à segurança nacional representada pelo aplicativo.
(Reportagem de Chris Sanders, David Shepardson e David Brunnstrom em Washington; Edição de Matthew Lewis)