Agência Senado from Brasilia/Wikimedia Commons

Na terça-feira, 10 de junho de 2025, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de exibir vídeos durante seu depoimento no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Apesar do veto, Bolsonaro compartilhou os vídeos por WhatsApp, contornando a decisão judicial.

A defesa havia solicitado o uso do telão da 1ª Turma do STF para apresentar os vídeos, argumentando que eles trariam transparência ao processo e atenderiam ao interesse público. Moraes, no entanto, rejeitou o pedido, esclarecendo que o interrogatório é uma etapa destinada exclusivamente à autodefesa, na qual o réu apresenta sua versão dos fatos e responde a perguntas da Justiça, do Ministério Público e de outros acusados. “Os réus podem referir-se a qualquer prova já constante nos autos, mas não é o momento para introduzir novas provas não anexadas ou desconhecidas pelas partes”, afirmou o ministro.

Embora tenha negado a exibição, Moraes permitiu que os vídeos sejam incorporados ao processo em outra fase, possibilitando que a defesa os anexe formalmente e que as demais partes verifiquem sua autenticidade. O depoimento de Bolsonaro é parte da etapa final dos interrogatórios do núcleo principal investigado pela Polícia Federal, sob relatoria de Moraes, que conduz o inquérito desde suas diligências iniciais contra militares e ex-membros do governo.

Os vídeos divulgados por Bolsonaro incluem declarações de figuras políticas sobre o sistema eleitoral brasileiro. Em 2010, Flávio Dino (PCdoB), hoje ministro do STF, sugeriu a possibilidade de fraude eleitoral após perder a eleição para o governo do Maranhão. Em 2012, Dino defendeu melhorias nas urnas eletrônicas. Em 2015, Bolsonaro e o então deputado Rodrigo Maia celebraram a derrubada do veto presidencial ao voto impresso no Congresso. Em 2021, Carlos Lupi (PDT) afirmou que “sem voto impresso, não há recontagem”. Após as eleições de 2022, Bolsonaro declarou que “eles ainda vão sentir saudades” e pediu manifestações pacíficas no Palácio da Alvorada, além de solicitar que caminhoneiros liberassem rodovias e evitassem confrontos, afirmando: “Não vamos para o tudo ou nada.” Também em 2022, Ciro Nogueira anunciou o início da transição de governo. Em 2025, o ministro da Defesa, José Múcio, revelou ter recorrido a Bolsonaro para facilitar a transição, segundo a Revista Oeste.

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