O Banco de Brasília (BRB) não desistiu de adquirir parte do Banco Master, mesmo após o veto do Banco Central (BC). A instituição pública solicitou acesso ao teor completo da decisão da autoridade monetária para analisar os argumentos técnicos que impediram a transação.
Em comunicado oficial, o BRB declarou que está avaliando as “alternativas possíveis”, o que pode incluir tanto um pedido de reconsideração quanto a apresentação de uma nova proposta. O banco reafirmou que considera a aquisição uma “oportunidade estratégica” para si, para seus clientes e para o Distrito Federal.
De acordo com informações de Revista Oeste, o acordo, anunciado em 28 de março de 2023, previa inicialmente que o BRB absorveria R$ 48 bilhões em ativos do Banco Master. Após a revisão dos documentos, o valor foi reduzido para R$ 23,9 bilhões. Essa significativa redução levantou questionamentos sobre a qualidade do portfólio do banco privado.
Na estrutura do Banco Master, os recursos obtidos por meio de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de alta rentabilidade — garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos — eram investidos em ativos de liquidez limitada, como precatórios, ações de empresas em dificuldades financeiras e direitos creditórios.
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Parlamentares do centrão e da oposição intensificaram a pressão contra o Banco Central após a negativa. Um grupo de deputados ameaçou votar com urgência um projeto que permitiria ao Congresso destituir a atual diretoria da autarquia, como resposta à decisão desfavorável ao BRB.
A decisão do BC foi baseada em um parecer do diretor de Organização do Sistema Financeiro, Renato Dias de Brito Gomes, e foi aprovada pela diretoria colegiada.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) identificou indícios de fraudes financeiras na gestão do Banco Master. A investigação revelou investimentos de R$ 2,1 bilhões em empresas sem viabilidade econômica. Parte desses investimentos teria beneficiado negócios ligados à irmã de Daniel Vorcaro, proprietário da instituição.
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A CVM destacou que essas práticas podem comprometer gravemente a estrutura patrimonial do Banco Master. Com o negócio bloqueado, analistas veem um maior risco de intervenção federal na instituição, o que incluiria o afastamento da atual gestão e a nomeação de um interventor.
O Banco Master aguarda ter acesso ao documento completo para avaliar os fundamentos da decisão do Banco Central e examinar as alternativas possíveis em relação à negociação com o BRB. O banco continua confiante em sua estratégia e operação, que o permitiram se destacar em um mercado altamente concentrado.