O partido Novas Ideias do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, aprovou mudanças na Constituição do país que podem permitir que ele permaneça no poder indefinidamente. A reforma eleitoral estende o mandato presidencial de cinco para seis anos e permite a reeleição ilimitada.
Originalmente, os mandatos presidenciais em El Salvador duravam cinco anos e a reeleição imediata era proibida. No entanto, em 2021, a Suprema Corte do país, composta por juízes nomeados pelo partido de Bukele, decidiu que o presidente poderia concorrer a um segundo mandato. Críticos alegaram que a reeleição de Bukele em 2024 foi inconstitucional.
De acordo com informações de Fox News, membros do partido Novas Ideias e seus aliados na Assembleia Legislativa utilizaram sua supermaioria para alterar cinco artigos da Constituição e aprovar a medida em uma votação de 57 a 3 no dia 31 de julho de 2025. A proposta da deputada Ana Figueroa também incluiu uma disposição para eliminar o segundo turno das eleições, onde os dois candidatos mais votados se enfrentam.
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Durante a cerimônia de posse em 1 de junho de 2019, Bukele afirmou que o povo de El Salvador teria o poder de decidir quanto tempo desejaria apoiar qualquer funcionário público, incluindo o presidente. “Isso é bastante simples, El Salvador: apenas você terá o poder de decidir quanto tempo deseja apoiar o trabalho de qualquer funcionário público, incluindo seu presidente”, disse Figueroa.
No entanto, outros legisladores expressaram frustração com a nova lei, com um deles lamentando a morte da democracia. A legisladora da Aliança Republicana Nacionalista, Marcela Villatoro, declarou aos seus colegas legisladores que “a democracia em El Salvador morreu!”. Ela argumentou que a reeleição indefinida traz acumulação de poder e enfraquece a democracia, levando à corrupção e ao clientelismo, pois o nepotismo cresce e impede a participação política.
Bukele, eleito pela primeira vez em 2019, tornou-se uma figura polarizadora. Sua política de combate ao crime o tornou popular entre os eleitores, mas críticos temem que ele esteja tentando consolidar o poder. Embora suas políticas rígidas contra o crime tenham reduzido drasticamente os homicídios, grupos de direitos humanos afirmam que pessoas inocentes foram pegas em prisões em massa.
Em julho de 2024, a Human Rights Watch publicou um relatório no qual constatou que cerca de 3.000 crianças se tornaram vítimas da repressão iniciada em 2022. O relatório contou a história de uma menina de 17 anos que foi presa sem mandado e eventualmente forçada a se declarar culpada de colaborar com a notória gangue MS-13, algo que ela negou.
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No ano passado, Bukele disse à revista Time que não buscaria um terceiro mandato, embora ele possa mudar de ideia após as reformas constitucionais.