REUTERS/David 'Dee' Delgado / Israel National News / Reprodução

Em um mundo marcado por desinformação, oportunismo político e normalização de discursos extremistas, uma realidade se destaca: a campanha de Zohran Mamdani para prefeito de Nova York não foca em subsídios de transporte, moradia acessível ou igualdade socialista. Como documentado com precisão por James Pogue na Vanity Fair, trata-se essencialmente de Israel e da deslegitimação do único Estado judeu no mundo.

Para quem ainda esperava que a hostilidade de Mamdani contra Israel fosse apenas um ponto entre muitos em sua plataforma, o perfil de Pogue torna a verdade inegável: toda a identidade política de Mamdani é construída sobre uma animosidade obsessiva contra o Estado judeu. Isso não é apenas um elemento passageiro em sua retórica de campanha. É sua questão formativa, o motor de seu apelo a setores da esquerda ativista e o teste pelo qual ele mede sua própria legitimidade como líder político.

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As evidências estão por toda parte. Mamdani afirma abertamente que Israel representa as hipocrisias dos valores ocidentais. Ele rotula a guerra do Estado judeu contra o Hamas – que começou quando terroristas do Hamas cruzaram a fronteira em 07 de outubro, assassinando 1.200 pessoas inocentes no pior massacre de judeus desde o Holocausto – como genocídio. Ele insiste que Israel é o mal singular no mundo que deve ser erradicado.

Essa não é a linguagem de um debate racional. É o vocabulário do ódio.

A campanha de Mamdani faz parte de uma tendência maior e profundamente perturbadora: a apropriação da causa árabe-palestina como grito de guerra central para um movimento de esquerda radical que visa derrubar instituições democráticas ocidentais. Como notado por Pogue, a Palestina está se tornando, para essa geração de ativistas anti-establishment, o que o Vietnã foi para a esquerda radical nos anos 1960: uma causa totêmica, um símbolo em torno do qual se organizam ressentimento, revolução e fervor ideológico.

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Mas sejamos honestos: a indignação seletiva de Mamdani revela suas verdadeiras motivações. Se os direitos humanos universais fossem seu princípio guia, seus discursos mencionariam os uigures na China, que sofrem em campos de concentração sob políticas genocidas de Pequim. Ele lamentaria os cristãos e judeus do Oriente Médio, expulsos de suas comunidades ancestrais por perseguição islamista. Ele condenaria as leis draconianas de Uganda que criminalizam a homossexualidade com prisão perpétua e até morte.

No entanto, Mamdani pouco fala dessas atrocidades. Ele reserva sua fúria e acusações de genocídio exclusivamente para Israel – a única democracia liberal no Oriente Médio, o único Estado na região que protege os direitos de muçulmanos, cristãos, judeus, mulheres e cidadãos LGBTQ.

Por quê? Porque, no fundo, a cruzada de Mamdani não é sobre direitos universais. É sobre mirar nos judeus.

Chamar a guerra defensiva de Israel contra o Hamas de genocídio não é apenas uma ofensa moral, mas uma perversão histórica. Genocídio é o que os nazistas cometeram contra o povo judeu durante o Holocausto – uma tentativa em escala industrial de erradicar um povo inteiro, resultando no assassinato de seis milhões. Genocídio é o que ocorreu em Ruanda em 1994, quando 800.000 tutsis foram massacrados em 100 dias. Genocídio é o que o Partido Comunista Chinês impõe aos uigures.

Em contraste, a campanha militar de Israel visa desmantelar o Hamas – uma organização terrorista jihadista que deliberadamente esconde seus combatentes e armas em áreas civis, garantindo cinicamente que civis árabes-palestinos sofram para produzir propaganda.

Rotular as ações de Israel como genocídio não é apenas falso, é difamatório. É uma inversão da história que culpa as vítimas enquanto absolve os perpetradores. Transforma o Estado judeu, nascido das cinzas do Holocausto como refúgio, no suposto herdeiro da barbárie nazista. Isso não é crítica de política. É antissemitismo em sua forma mais crua.

De acordo com o Israel National News, o perigo não se limita a Mamdani. Uma pesquisa recente do New York Times/Siena mostra que a simpatia pelos árabes-palestinos agora supera ligeiramente a pelos israelenses entre os americanos, com 35% ao lado dos árabes-palestinos contra 34% com os israelenses. Essa mudança, após as atrocidades de 07 de outubro, reflete não uma reavaliação sóbria dos fatos, mas o triunfo da propaganda em redes sociais, academia e política ativista.

Esse é exatamente o terreno onde Mamdani prospera. Sua campanha se alimenta da raiva daqueles condicionados a ver Israel não como uma democracia vibrante se defendendo contra o terror, mas como um Estado de apartheid culpado de genocídios fantasmas. Assim, Mamdani não é apenas um candidato local. Ele encarna um movimento crescente que busca tornar o antissemitismo mainstream sob o disfarce de política progressista.

Para entender a indecência da retórica de Mamdani, é preciso recordar a história judaica. Por 2.000 anos, os judeus foram apátridas e vulneráveis. Foram expulsos da Inglaterra, França e Espanha. Sofreram pogroms na Rússia e massacres por toda a Europa. Foram demonizados em terras islâmicas como dhimmis – cidadãos de segunda classe. Finalmente, no século 20, suportaram o Holocausto, a exterminação sistemática de um terço de seu povo.

O Estado de Israel é a resposta judaica a essa história: uma nação soberana onde os judeus podem se defender, onde sua segurança nunca mais dependeria da boa vontade alheia. Exigir que Israel deixe de existir como Estado judeu, como faz Mamdani, é demandar que o povo judeu renuncie a seu único escudo contra a aniquilação.

É por isso que sua posição não pode ser descartada como mera crítica à política israelense. É a própria definição de antissemitismo: negar ao povo judeu o direito à autodeterminação.

Nova York abriga a maior comunidade judaica fora de Israel. É uma cidade construída, em grande parte, por imigrantes judeus que chegaram sem nada e contribuíram imensuravelmente para sua vida cultural, econômica e cívica. Eleger um prefeito cuja questão definidora é a hostilidade a Israel – que repete a calúnia de genocídio e questiona abertamente a legitimidade do Estado judeu – seria um ato de traição a esses cidadãos.

Isso enviaria uma mensagem assustadora aos judeus nova-iorquinos: que sua segurança, história e identidade são alvos legítimos para exploração política. Normalizaria o antissemitismo no mais alto nível do governo municipal. E encorajaria extremistas que já gritam globalizar a intifada em nossas ruas.

A ameaça representada pela ascensão de Mamdani vai além de Nova York. É parte de uma luta global pela sobrevivência dos valores democráticos. Se o único Estado judeu no mundo pode ser difamado como genocida por se defender contra o terrorismo, a verdade em si perde o sentido. Se políticos podem construir carreiras demonizando judeus enquanto se vestem de progressismo, as lições do Holocausto já foram esquecidas.

É por isso que sua campanha deve ser combatida, não só por judeus, mas por todos que se importam com democracia, verdade e justiça. A luta contra o antissemitismo não é uma preocupação paroquial judaica. É a linha de frente da defesa da civilização contra forças de ódio que, uma vez liberadas, nunca se limitam a um único alvo.

A candidatura de Zohran Mamdani é um teste de clareza moral para Nova York. A cidade recompensará um homem cuja carreira política é alimentada por hostilidade contra judeus e seu Estado? Ou reconhecerá que tal ódio, por mais habilmente disfarçado de justiça social, é incompatível com valores de tolerância, pluralismo e verdade?

Os nova-iorquinos devem escolher com sabedoria. Os riscos são nada menos que o caráter moral de sua cidade.

A campanha de ódio de Mamdani não deve triunfar. Deve ser repudiada – de forma alta, clara e inequívoca.

(E o que fazemos sobre o discurso anti-haredi de Curtis Sliwa?)

Fern Sidman, editora sênior de notícias no The Jewish Voice.

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