Organizações pró-palestinas na Tunísia iniciaram uma campanha para tornar ilegal a normalização de relações com Israel, conforme relatado recentemente.
A iniciativa, batizada de “Um Milhão de Assinaturas para Criminalizar a Normalização”, foi lançada oficialmente em 7 de outubro de 2025, data que os organizadores chamaram de “segundo aniversário da gloriosa operação ‘Inundação de Al-Aqsa'”, termo cunhado pelo Hamas para se referir ao massacre de 7 de outubro de 2023.
De acordo com o Israel National News, a campanha é liderada pelo Comitê de Coordenação para Ação Conjunta pela Palestina na Tunísia (CJA), pela Campanha Tunisiana de Boicote e pela Campanha Anti-Normalização. No comunicado de lançamento, os grupos afirmaram que a demanda por legislação contra a normalização “não é apenas uma exigência legal, mas uma luta”, parte de um movimento mais amplo de resistência às “ambições coloniais e à normalização suave”.
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Os organizadores expressaram preocupação com o que descreveram como uma “tendência acelerada árabe e internacional rumo à normalização”, alertando que o “eixo americano-sionista”, sob bandeiras como “paz regional” e os Acordos de Abraão, busca integrar Israel à região.
A campanha também condenou “regimes árabes oficiais que legitimam a ocupação” e enfatizou que “a posição do povo tunisiano sempre foi, e continuará sendo, firme em rejeitar a normalização, considerando-a uma traição nacional, pan-árabe e humana”.
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Apesar de ter sido lançada poucos dias antes do acordo de cessar-fogo e libertação de reféns, os organizadores mantêm o compromisso com a causa. Em 13 de outubro, eles esclareceram que a coleta de assinaturas “ainda não começou”, citando a necessidade de seguir o roteiro ativista da campanha e garantir o cumprimento de procedimentos de proteção de dados pessoais.
A Tunísia, como a maioria dos países árabes, não mantém relações diplomáticas com Israel. Após vários países árabes normalizarem laços com Israel em 2020, como parte dos Acordos de Abraão, a Tunísia reiterou que não tem interesse em estabelecer relações diplomáticas com Israel e que sua posição não seria afetada por mudanças internacionais.
Em 2014, a ministra do Turismo da Tunísia enfrentou críticas de parlamentares por uma viagem a Israel que ela fez em 2006 para participar de um programa de treinamento da ONU para jovens árabes palestinos.
Em 2018, um legislador tunisiano rasgou uma bandeira israelense durante uma sessão parlamentar para pressionar por uma lei que criminalizasse relações com Israel.
O presidente da Tunísia, Kais Saied, no início de 2020, descreveu o plano de paz proposto pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, para Israel e a Autoridade Palestina como a “injustiça do século”.
Em agosto de 2023, Saied afirmou que a palavra “normalização” não existe para ele quando se trata de Israel, embora tenha interrompido um debate sobre um projeto de lei contra a normalização com o Estado judeu.