Ricardo Stuckert / PR

Na terça-feira, 10 de junho de 2025, a relação entre o Congresso Nacional e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou em novo patamar de tensão após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino solicitar esclarecimentos sobre a execução de emendas parlamentares “paralelas”. A ação, vista por deputados e senadores como uma manobra política, provocou uma reação imediata dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que ameaçaram travar as pautas de interesse do Executivo.

Motta e Alcolumbre contataram a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, informando que a paralisação das votações seria uma resposta à falta de repasses das emendas previstas para 2025, uma queixa recorrente entre parlamentares. A estagnação desses recursos intensificou o desgaste entre os Poderes, levando a base aliada a ameaçar bloquear medidas econômicas cruciais em negociação. O pedido de Dino, motivado por denúncias de organizações civis sobre possíveis desvios nas emendas, foi interpretado como provocação, ampliando a insatisfação já existente no Legislativo.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), cancelou uma reunião com vice-líderes e dirigiu-se ao Palácio do Planalto para discutir a crise, enquanto Gleisi Hoffmann convocou uma reunião emergencial para tentar apaziguar os ânimos. Durante a tarde, Motta reuniu-se reservadamente com líderes do centrão para alinhar uma estratégia de pressão contra o governo. Fontes do Congresso descrevem o clima como de “ruptura iminente”.

A crise surge dias após um breve sinal de apoio ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando Motta e Alcolumbre indicaram disposição para colaborar com o ajuste fiscal, conforme a Revista Oeste. Contudo, a boa vontade evaporou, e parlamentares agora rejeitam apoiar a medida provisória que o governo prepara para compensar a revogação parcial do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A proposta, que busca novas fontes de arrecadação, enfrenta resistência, com congressistas condicionando negociações à liberação das emendas. Sem esses recursos, afirmam, não há espaço para diálogo.

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