Túllio F/Wikimedia Commons

Em editorial publicado na segunda-feira, 9 de junho de 2025, a Folha de S.Paulo apontou que os Correios estão à beira do colapso financeiro e operacional, responsabilizando a decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de retirar a estatal do Programa Nacional de Desestatização. A empresa registrou um prejuízo de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre de 2025, mais que o dobro do déficit do mesmo período de 2024, quando já havia acumulado um rombo anual de R$ 2,6 bilhões.

O jornal destaca que a deterioração financeira resulta de uma combinação de fatores: queda de 12% nas receitas de vendas de produtos e serviços, influenciada pela tributação de encomendas internacionais de baixo valor, aumento de despesas e incapacidade de competir com empresas privadas que investem em tecnologia e eficiência logística. Os custos com pessoal, em particular, cresceram 8,7%, atingindo R$ 2,7 bilhões no trimestre, impulsionados por reajustes salariais, gratificações e benefícios previstos em acordos coletivos.

A Folha critica a estrutura inchada da estatal, com um quadro de funcionários elevado e práticas que encarecem a operação. Iniciativas como a criação de um marketplace próprio e a entrada no mercado de banco digital foram classificadas como “delírios” diante da escassez de recursos e das limitações impostas pela gestão estatal. “A promessa de um marketplace e de novos mercados soa como fantasia, considerando a insuficiência financeira e administrativa, limitada pelos entraves do modelo estatal”, afirmou o editorial.

O plano de demissão voluntária, anunciado para economizar R$ 1,5 bilhão, foi considerado tardio e insuficiente para reverter a crise. O jornal defende que a universalização do serviço postal, embora importante, não justifica prejuízos bilionários que pesam sobre o contribuinte. Inspirando-se em experiências internacionais, a Folha argumenta que é possível manter a natureza pública dos serviços postais em um modelo competitivo com maior participação privada, como previsto no plano de privatização descartado pelo governo Lula, segundo a Revista Oeste.

O editorial conclui que a priorização do controle político em detrimento da racionalidade econômica perpetua um ciclo de déficits e desordem administrativa, degradando o patrimônio público. Para a Folha, a privatização dos Correios não é apenas uma alternativa, mas uma necessidade urgente para evitar o colapso da estatal.

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