Revista Oeste/Reprodução

Os advogados de Mariana Eustáquio, uma adolescente de 16 anos cujas contas bancárias foram bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciaram que pretendem denunciar o caso a tribunais internacionais de direitos humanos. A jovem, que há mais de dois anos não acessa recursos financeiros lícitos sem ser formalmente acusada de qualquer crime, enfrenta o que sua defesa classifica como uma “violação de direitos” e desrespeito a tratados internacionais ratificados pelo Brasil.

Em petição protocolada no STF na quarta-feira, 7 de maio de 2025, os advogados Geraldino Nunes Jr. e Ricardo Freire Vasconcellos contestam o bloqueio dos bens de Mariana, que incluem valores de previdência privada depositados desde janeiro de 2023, considerados de natureza alimentar e destinados a seu sustento e estudos. A defesa argumenta que não há indícios de origem ilícita nesses recursos e critica a “omissão deliberada” do relator em reconhecer seu caráter essencial, qualificando a medida como um “abuso de discricionariedade” que fere a dignidade humana.

A petição cita tratados como a Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, alegando que as sanções contra uma menor de idade, sem base legal clara, são inaceitáveis. A defesa também menciona precedentes da Suprema Corte dos EUA, questionando a competência de Moraes, que não atua na Vara da Infância e Juventude, para impor medidas coercitivas contra Mariana. Além do bloqueio financeiro, a adolescente teve seu passaporte apreendido em agosto de 2024, em uma operação ordenada pelo ministro, o que, segundo os advogados, causou impactos psicológicos significativos.

Embora Mariana não seja ré nem investigada, seu nome aparece em duas petições no STF relacionadas a seu pai, o jornalista Oswaldo Eustáquio, alvo de inquéritos desde 2020 por liberdade de expressão, manifestações políticas e suposta “militância antidemocrática”. A defesa alega que as medidas contra a jovem são uma forma de intimidação familiar e perseguição indireta. Eustáquio, que já denunciou perseguição política e censura judicial, segue no centro das investigações, de acordo com a Revista Oeste.

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