iStock / Israel National News / Reprodução

O assassinato de dois judeus na Sinagoga da Congregação Hebraica de Heaton Park, durante o Yom Kippur, não foi apenas mais um ato terrorista. Representou a manifestação trágica de um ambiente de ódio antijudaico que foi legitimado, normalizado e facilitado pelo próprio governo responsável pela proteção dos cidadãos judeus britânicos.

No centro desse fracasso está o primeiro-ministro Keir Starmer. Seu reconhecimento imprudente de um Estado palestino árabe enviou uma mensagem clara: assassinar judeus compensa.

Isso não é exagero. É causa e efeito.

Quando o Hamas invadiu Israel em 7 de outubro, estuprando, matando e queimando famílias vivas, o mundo viu o pior massacre de judeus desde o Holocausto. Israel sofreu o impacto. Judeus da diáspora lamentaram. E a resposta da Grã-Bretanha sob Keir Starmer? Em menos de dois anos após essa atrocidade, seu governo reconheceu o Estado palestino árabe — exatamente a “recompensa” exigida pelo Hamas e seus simpatizantes.

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Defensores de Starmer alegam que esse reconhecimento visava “paz” ou “justiça”. Mas para o Hamas e para as legiões de ativistas anti-Israel que marcham semanalmente por Londres, isso provou que o terrorismo funciona. Cometa o impensável, ameace Israel, e o Ocidente concederá ganhos políticos.

Por isso, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou na Organização das Nações Unidas que reconhecer um Estado palestino árabe tão logo após 7 de outubro “diz ao mundo que assassinar judeus compensa”.

Ele estava certo. E no Reino Unido, os judeus agora pagam o preço.

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O massacre de Yom Kippur na Congregação Hebraica de Heaton Park não ocorreu isoladamente. Aconteceu em um ambiente onde o antissemitismo foi normalizado, onde gritos de “intifada” ecoam nas ruas britânicas, onde cartazes de crianças israelenses sequestradas são arrancados impunemente, e onde judeus recebem orientação policial para esconder uniformes escolares por segurança.

Fiéis judeus em Manchester foram esfaqueados e atropelados do lado de fora de sua sinagoga, enquanto centenas mais ficaram barricados dentro, aterrorizados. Na sexta-feira, o vice-primeiro-ministro David Lammy enfrentou pais judeus que o vaiaram: “Vergonha!” e “Vocês permitiram que isso acontecesse”. Sua fúria não era abstrata. Um pai acusou diretamente o governo de Lammy de possibilitar o “ódio aos judeus”.

Essa fúria sobe diretamente, passando por Lammy, até seu chefe. Pois foi Starmer, não Lammy, quem definiu o tom moral ao conceder legitimidade ao Estado palestino árabe como prêmio pelo terror. O gesto de Starmer deu cobertura a extremistas no Reino Unido que já acreditavam que o derramamento de sangue judaico é um passo para a “justiça”.

O Partido Trabalhista sob Jeremy Corbyn foi investigado pela Comissão de Igualdade e Direitos Humanos da Grã-Bretanha por antissemitismo. Starmer prometeu eliminar esse legado. Mas gestos importam mais que palavras. Ao reconhecer um Estado palestino árabe tão logo após 7 de outubro, Starmer sinalizou que a indulgência subjacente do Partido Trabalhista ao extremismo anti-Israel persiste, apenas com retórica mais polida.

A paciência dos judeus está esgotada. Para muitos judeus britânicos, a memória da indiferença sarcástica de Corbyn ao antissemitismo permanece viva. Agora, vendo um governo trabalhista recompensar o nacionalismo palestino árabe após um pogrom, esse trauma foi reativado. Os assassinatos na sinagoga durante o Yom Kippur foram a prova horrenda de onde essa indulgência leva.

Defensores de Starmer objetarão: ele não incitou o assassino de Manchester. Mas líderes não precisam dar ordens; basta criar climas de permissão. E foi exatamente isso que Starmer fez.

Ao abraçar o Estado palestino à sombra das atrocidades do Hamas, ele validou uma narrativa que retrata judeus como opressores coloniais e palestinos árabes — incluindo suas facções terroristas — como lutadores pela liberdade. Essa narrativa, gritada repetidamente nas ruas britânicas, agora inspira indivíduos a usarem facas e carros para aterrorizar bairros judeus.

Quando manifestantes gritam “Morte às Forças de Defesa de Israel” ou “Do rio ao mar”, não ecoam a própria decisão de Starmer de conceder reconhecimento a um movimento que recusa o direito de Israel existir?

Quando escolas judaicas são forçadas a fechar por medo, quando pais imploram aos filhos para esconder mezuzot, isso não é a consequência inevitável de uma cultura política que recompensa o terror em vez de condená-lo?

Após o massacre na sinagoga de Manchester, Starmer prometeu mais proteção policial para sinagogas. O rei Charles III e a rainha Camilla expressaram choque. E daí? Esses gestos, embora bem-vindos, soam vazios contra a traição maior. Líderes judeus são claros: “declarações de simpatia não bastam mais”.

Pois de que serve polícia extra por um fim de semana quando o governo sinalizou que a violência do Hamas leva a ganhos políticos? Como judeus podem se sentir seguros em suas sinagogas quando seu primeiro-ministro concedeu legitimidade à ideologia que alimenta a violência contra eles?

O reconhecimento britânico do Estado palestino árabe também isolou o país de aliados. Israel condenou a medida como apaziguamento. Os Estados Unidos expressaram desconforto. Na Europa, governos debateram se a Grã-Bretanha entregou uma vitória de propaganda ao Hamas.

De acordo com o Israel National News, o antissemitismo aumentou globalmente desde 7 de outubro. Na Espanha, comunidades judaicas enfrentam vandalismo e bode expiatório político. Na França, sinagogas estão sob guarda constante. O reconhecimento britânico de um Estado palestino árabe jogou combustível nessa fogueira. Disse aos antissemitas no Ocidente: sua violência está funcionando.

Há uma linha reta de Westminster a Manchester. Do reconhecimento de Starmer ao Estado palestino árabe, à propaganda encorajada do Hamas, às ruas radicalizadas da Grã-Bretanha, à faca de um terrorista às portas da Congregação Hebraica de Heaton Park.

Negar essa linha é negar a realidade. Starmer criou uma equivalência moral entre vítima e agressor, entre Israel e Hamas. Essa equivalência moral se espalhou como metástase para o antissemitismo, até reivindicar vidas em uma sinagoga no Yom Kippur.

Se a Grã-Bretanha quiser recuperar sua clareza moral, o governo de Starmer deve ser responsabilizado. O primeiro passo é reverter o reconhecimento do Estado palestino árabe, deixando claro que o terrorismo nunca será recompensado.

O segundo é comprometer-se com segurança robusta para instituições judaicas — não como gesto simbólico, mas como política permanente.

O terceiro, Starmer deve abandonar a equivalência covarde que trata o antissemitismo como apenas uma forma de preconceito entre muitas. O massacre na sinagoga de Manchester prova que o antissemitismo é único, letal e urgente. Deve ser confrontado não com platitudes, mas com toda a força do Estado.

Finalmente, a Grã-Bretanha deve reafirmar sua aliança com Israel não por conveniência, mas como imperativo moral. A luta de Israel contra o Hamas não é apenas sua; é uma batalha de frente contra a ideologia que levou ao derramamento de sangue judaico no Yom Kippur em Manchester.

O ataque à sinagoga de Manchester não foi apenas o ato de um terrorista. Foi produto de um clima — um clima em que o antissemitismo floresce, em que escolas judaicas fecham por medo, em que fiéis se barricam atrás de portas de sinagogas. Esse clima foi possibilitado pela decisão imprudente do primeiro-ministro Keir Starmer de recompensar o Estado palestino à sombra do sofrimento judaico.

Para os judeus britânicos, isso foi a gota d’água. Como revelaram os gritos de “Vergonha” lançados ao vice-primeiro-ministro David Lammy, a confiança foi destruída. Nenhuma quantidade de patrulhas policiais ou condolências reais pode apagar a traição.

O legado de Starmer já está escrito: ele é o primeiro-ministro que disse ao Hamas que assassinatos em massa rendem dividendos políticos, e que deixou os judeus britânicos pagarem o preço.

Ronald J. Edelstein é filho de sobreviventes do Holocausto e ativista judaico vitalício, escritor e palestrante. Ele é o presidente da Ron Properties, uma empresa imobiliária em Nova York.

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