Em 2023, a Espanha anunciou um embargo às exportações de defesa para Israel, posicionando-se como uma medida moral ousada. No entanto, embargos só têm impacto significativo quando afetam suprimentos críticos. A Espanha não é uma artéria vital para Israel, sendo no máximo um capilar.
Os números das exportações espanholas para Israel são modestos. A maior parte consiste em componentes de aeronaves, veículos militares e munições. Esses itens são úteis, mas não indispensáveis. Nenhum desses equipamentos é irreplaceável, e a Espanha não é um fornecedor de primeira linha para o estabelecimento de defesa israelense.
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Israel projetou sua indústria de defesa para lidar exatamente com esse tipo de cenário. Três pilares tornam o embargo irrelevante: diversificação de fornecedores, capacidade de produção interna e alianças estratégicas. Como resultado, o embargo espanhol pode causar burocracia e irritação leve, mas nenhuma capacidade operacional será perdida.
O impacto real do embargo será sentido não em Tel Aviv, mas em Madrid. A ironia dos embargos simbólicos é que, embora projetados para parecer fortes no exterior, acabam prejudicando mais quem os impõe.
Existe sempre o medo do efeito dominó. Será que o gesto da Espanha inspirará outros? Possivelmente, mas não onde realmente importa. Alguns “estados de gestos” podem copiar a Espanha, mas os pesos-pesados europeus não sabotarão suas próprias indústrias apenas para ganhar manchetes.
No cerne da decisão da Espanha está uma mentalidade que ofusca grande parte da esquerda ocidental atual. É o triunfo do gesto sobre a estratégia. Na política, isso pode funcionar por um ciclo de notícias. Na economia de defesa, resulta em feridas autoinfligidas. O embargo da Espanha é um estudo de caso perfeito: um governo perseguindo teatro moral enquanto sua indústria paga a conta.
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Para a Espanha, o embargo é política. Para Israel, é logística. A Espanha ganha manchetes; Israel substitui um fornecedor. Em poucos meses, as empresas de defesa israelenses se adaptarão a fontes alternativas, enquanto os fabricantes espanhóis se perguntarão por que suas propostas não são mais convidadas.
Segundo o Israel National News, a Espanha tentou impressionar com uma entrada estragada; Israel a devolveu e pediu em outro lugar. Agora, Madrid descobre que o chef come sua própria comida — e a chave do banheiro está faltando.
Embargos só importam quando você controla pontos críticos. A Espanha não controla. A profundidade industrial de Israel e seus fortes aliados transformam este embargo em um inconveniente menor. Enquanto isso, a Espanha enfrenta perda de receita, perda de credibilidade e perda de oportunidades.
Gestos “morais” podem ganhar aplausos. Mas na economia de defesa, causa e efeito ainda se aplicam. Se você servir uma refeição estragada, não se surpreenda se for você quem ficar enjoado e doente de náusea.