Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O Departamento do Tesouro dos EUA aumentou a pressão sobre o sistema financeiro brasileiro ao enviar uma notificação oficial. O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) questionou diretamente os bancos brasileiros sobre as medidas que estão implementando para garantir o cumprimento das sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil.

A notificação marca um avanço significativo na aplicação da Lei Magnitsky, uma ferramenta poderosa da política externa dos EUA. Em julho de 2025, o governo dos EUA aplicou esta lei contra Moraes, acusando-o de violações de direitos humanos, incluindo a supressão de críticos políticos e a ordenação de detenções consideradas injustas.

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Segundo o Revista Oeste, a inclusão de Moraes na lista de indivíduos sancionados pela Ofac resulta no congelamento de quaisquer ativos que ele possua nos EUA e proíbe transações financeiras com entidades norte-americanas.

Para os bancos brasileiros com operações nos EUA, a comunicação do Tesouro serve como um aviso claro. A agência quer saber quais ações concretas os bancos tomaram para isolar Moraes de operações que envolvam o sistema financeiro dos EUA, incluindo o uso de cartões de crédito de bandeiras como Visa e Mastercard.

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O não cumprimento das sanções pode acarretar consequências severas. O governo dos EUA pode impor sanções secundárias, que incluem multas pesadas contra os bancos. Além disso, a análise de um eventual descumprimento pode levar a punições individuais contra os executivos responsáveis nas instituições.

A pressão do Tesouro ocorre em um momento politicamente sensível, coincidindo com o início do julgamento de Jair Bolsonaro no STF. Aliados do ex-presidente, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o jornalista Paulo Figueiredo, intensificaram suas articulações em Washington.

Recentemente, eles se reuniram com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e argumentaram que os bancos brasileiros não estariam aplicando as sanções de maneira completa.

Indícios sugerem que a pressão já está surtindo efeito. Pelo menos uma instituição financeira brasileira bloqueou um cartão de Moraes e, como alternativa para uso doméstico, ofereceu-lhe um cartão da bandeira nacional Elo.

O cenário atual aponta para uma possível escalada na pressão dos EUA. Fontes próximas a Bolsonaro esperam que novas autoridades, tanto do Judiciário quanto do Executivo, entrem no radar de Washington.

Discussões nos EUA já mencionam a possibilidade de ampliar as restrições de vistos e aplicar mais sanções financeiras. Além disso, cogita-se a suspensão de benefícios comerciais concedidos ao Brasil, o que afetaria as tarifas de importação de produtos brasileiros.

Atualmente, o governo dos EUA já suspendeu o visto de entrada para Moraes e outros sete ministros do STF, além do Procurador-Geral da República do Brasil, Paulo Gonet. Em uma aparente retaliação a políticas do governo federal brasileiro, os EUA também cancelaram os vistos da esposa e da filha do ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha.

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