Eduardo Tagliaferro, que atuou como assessor do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, lançou acusações sérias contra o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em uma entrevista concedida ao jornal Gazeta do Povo, ele apontou para perseguição política, manipulação de narrativas e um esquema de poder em andamento nas instituições.
De acordo com Tagliaferro, o STF se converteu em um instrumento para centralizar decisões políticas. Ele afirmou que esse projeto vem sendo orquestrado há anos e agora estaria consolidado, com suporte de servidores e ministros internos.
O ex-assessor relatou um clima de vigilância constante na Corte. Servidores, segundo ele, funcionavam como informantes internos, passando dados confidenciais de outros órgãos e empresas para agradar chefes. Isso era incentivado.
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Ele também mencionou que investigados pelos atos de 08 de janeiro de 2023 eram julgados previamente com base em suas visões políticas. As decisões, conforme seu depoimento, não seguiam critérios jurídicos, mas sim motivações ideológicas.
Tagliaferro colocou Moraes como figura central em um sistema de perseguição institucional. Descreveu o ex-chefe como motivado por vingança, com ações cruéis e pessoais.
Figuras como Carla Zambelli, Bia Kicis, Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro eram prioridades, segundo ele. Tudo relacionado a eles era tratado como questão de Estado.
Moraes é mau, afirmou Tagliaferro à Gazeta. Não é apenas autoritário, ele é mau. A Lei Magnitsky é pouco perto do que ele representa. Isso não é política, é pessoal, é perseguição, é vingança.
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Além das críticas a Moraes, o ex-assessor revelou que vários colegas abandonaram seus postos devido ao ambiente hostil no tribunal. Alguns saíram em silêncio, enquanto outros, ao notarem que a instituição ultrapassou limites, pediram demissão emocionados.
Conforme relatado por Revista Oeste, Tagliaferro comentou sobre a troca de comando no STF. Para ele, a ascensão do ministro Edson Fachin à presidência e de Moraes à vice-presidência apenas fortalece a direção atual.
A nova presidência não altera nada, argumentou o ex-assessor. Ela reforça o que já ocorre. No gabinete de Moraes, já se discutia que ele seria o próximo presidente do Supremo. Isso seguia uma lógica de poder, não de mérito jurídico. Eles vão continuar com o plano de poder, com o plano de governo deles.
Tagliaferro expressou pessimismo sobre as eleições de 2026. Segundo ele, o Judiciário já atua para influenciar o resultado, comprometendo o pleito.
As eleições não serão limpas, ponderou Tagliaferro. Não é só interferência isolada. É uma engenharia de dominação de narrativa, jurídica e tecnológica. Não vão permitir que um projeto conservador volte ao poder por vias democráticas. Há planos para inviabilizar juridicamente candidaturas que ameacem o sistema estabelecido.
Do exílio na Itália, Tagliaferro disse estar pronto para prisão ou extradição. Ele não recebeu notificação oficial, mas mencionou um incidente recente em Roma, onde policiais o abordaram. Após verificarem documentos dele e da família, o liberaram. Se houvesse um pedido real em curso, ali teria sido o momento.
Apesar das ameaças, ele garantiu estar em paz com suas decisões. Quando decidi fazer as denúncias, eu sabia dos riscos, ressaltou ao jornal. Prisão, extradição, exílio. Tudo isso eu avaliei. Já estou psicologicamente preparado.