O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou a possibilidade de revogar o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado na semana passada, durante declarações feitas na noite de quarta-feira, 28 de maio de 2025, após reunião em Brasília com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Haddad destacou que a medida é essencial para o equilíbrio fiscal, alertando que sua revogação poderia comprometer o funcionamento da máquina pública. “Sem o aumento, ficaremos em uma situação delicada para sustentar o Estado”, afirmou, mencionando que o governo já contingenciou R$ 31 bilhões em despesas.
Durante o encontro, Haddad apresentou os impactos do decreto e discutiu sugestões recebidas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entregues pelo presidente da entidade, Isaac Sidney, em reunião prévia. O ministro informou que a equipe econômica está analisando as propostas, que serão debatidas na retomada das negociações, prevista para a segunda semana de junho. Ele esclareceu que não buscou negociar a revogação do IOF, mas abrir diálogo sobre reformas estruturais para substituir medidas pontuais a partir de 2026, respeitando normas como a noventena e o princípio da anualidade.
Motta e Alcolumbre expressaram preocupações das bancadas parlamentares sobre os efeitos do aumento do IOF, que incide sobre planos de previdência privada (VGBL), crédito corporativo e operações de câmbio, com previsão de arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026. A única exceção foi a retirada da tributação sobre investimentos no exterior, revertida horas após o anúncio devido à forte reação do mercado.
No Congresso, a pressão para anular o decreto cresce, com mais de 20 projetos de decreto legislativo em tramitação. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que a votação deve ocorrer em até duas semanas, após a reunião do Brics. Ele informou que o governo tem dez dias para apresentar alternativas viáveis, em negociação com a Febraban, Motta e Alcolumbre, envolvendo propostas de “diversas naturezas” que serão avaliadas nos próximos dias, conforme a Revista Oeste.