O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), descartou qualquer possibilidade de acordo com a oposição para encerrar a obstrução que paralisou o plenário da Casa, iniciada por parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em protesto contra sua prisão domiciliar, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Esta presidência não negocia prerrogativas com oposição, governo ou ninguém”, afirmou Motta ao chegar à Câmara na quinta-feira, 7 de agosto de 2025, destacando que a solução adotada foi a “menos traumática possível”, respeitando todas as lideranças partidárias.
Na quarta-feira, 6 de agosto, a sessão marcada para 20h30 começou com quase duas horas de atraso e durou menos de 20 minutos, sem votações, marcada pela tensão com a oposição, que resistia em desocupar a Mesa Diretora. Motta permaneceu em pé por cerca de dez minutos até assumir a presidência, convocando uma nova sessão para quinta-feira e pedindo que os manifestantes deixassem o local “com educação”. “A oposição tem direito de se manifestar, mas dentro do regimento. Até para ultrapassar limites, há limites”, declarou.
Como reportado pela Revista Oeste, as negociações para encerrar a obstrução envolveram líderes do PL, como Sóstenes Cavalcante e Altineu Cortês (PL-RJ), que buscaram apoio do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), além de Antônio Britto (PSD-BA), Doutor Luizinho (PP-RJ) e o senador Rogério Marinho (PL-RN). A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) levou sua filha de quatro meses ao plenário e ocupou a Mesa, mas saiu com a chegada de Motta. No Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) convocou uma sessão virtual para votar a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos, afirmando: “Não aceitarei intimidações. O Parlamento não será refém de ações que desestabilizem seu funcionamento.”
A oposição pressiona pela anistia aos presos do 8 de janeiro, pelo fim do foro privilegiado e pelo impeachment de Moraes. Parlamentares governistas, como o líder Randolfe Rodrigues (PT-AP), elogiaram Alcolumbre, destacando que a isenção do IR beneficiará 10 milhões de brasileiros. A Câmara restringiu o acesso ao plenário a partir das 19h de quarta-feira, permitindo apenas a entrada de deputados. No Senado, alguns parlamentares chegaram a se acorrentar à Mesa em protesto. Motta reconheceu o clima tenso: “Não vivemos tempos normais. Não negociaremos a democracia nem colocaremos projetos individuais acima do povo brasileiro. Desta presidência, não haverá omissão.”