IDF photo / Israel National News / Reprodução

Israel está preso em uma guerra em Gaza que não pode vencer. Não por falta de poderio militar, mas porque a equação foi deliberadamente criada para ser insolúvel. Em 7 de outubro de 2023, o Hamas massacrou civis e sequestrou centenas de reféns, desencadeando um conflito sem desfecho aceitável. Israel não foi apenas pego de surpresa, mas também encurralado.

De acordo com o Israel National News, o Hamas não busca a vitória, mas a destruição de Israel. Eles não se importam se Gaza for destruída, desde que Israel sangre. Sua estratégia é escatológica: perder tudo, contanto que o inimigo caia junto. Eles contam com o entrelaçamento, a emoção e a manipulação das consciências ocidentais. Sua força não é militar, mas dramatúrgica.

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O mais assustador é que o Hamas compreendeu o Ocidente melhor do que muitos estrategistas israelenses. Seu verdadeiro campo de batalha é a opinião pública ocidental, não as Forças de Defesa de Israel (IDF). Ao sequestrar reféns, eles impedem a paz. Ao se esconder entre civis na região mais densamente povoada do mundo, eles impedem a guerra. O Hamas criou uma geometria da armadilha: Israel está preso em uma guerra onde cada vitória é uma derrota. Nesta guerra assimétrica e pós-moderna, o que importa não é a realidade, mas a imagem da realidade.

Essa armadilha não funcionaria sem a cooperação das democracias ocidentais. Ao inverter a pressão — não sobre os sequestradores, mas sobre aqueles que tentam resgatar os reféns — eles legitimam o chantagem. Ao reconhecer um estado palestino incondicionalmente, transformam uma estratégia terrorista em capital político.

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Vamos ser claros: um cessar-fogo acompanhado pela libertação de todos os reféns é uma miragem — uma ilusão da projeção ocidental. O Hamas, em particular, não quer um fim: deseja que o conflito se prolongue, que os reféns apodreçam no subsolo, que a agonia dure. Os reféns são troféus, alavancas, holofotes voltados para Gaza para manter a guerra em andamento. Eles não serão todos devolvidos: essa é precisamente a razão pela qual foram sequestrados.

Portanto, resta apenas uma alternativa terrível:

Ou Israel persiste — talvez por anos — ocupa Gaza até o último túnel, ao custo de inúmeras mortes, desastre diplomático e sem certeza de sucesso.

Ou se retira, aceitando silenciosamente que outro 7 de outubro já está em gestação.

Não se trata mais de vencer, mas de escolher a forma da derrota (ou de uma meia-vitória, dizem os otimistas). Alguns afirmam, na lógica de Clausewitz, que uma guerra, uma vez iniciada, deve ser levada até o fim, caso contrário, retornará — pior. Outros acreditam que uma vitória incompleta é melhor do que o que consideram um desastre total, perdendo os reféns.

Repito: a parte mais trágica é que a estratégia do Hamas funcionou. E funciona porque permitimos que funcionasse. O Hamas compreendeu: em um mundo governado por imagens, o terrorismo compensa — desde que seja bem encenado.

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