Enquanto Israel aguarda com ansiedade o retorno dos corpos de 28 reféns brutalmente assassinados pelo grupo terrorista Hamas, em Gaza, Yehuda Avidan, diretor-geral do Ministério de Serviços Religiosos de Israel, detalhou em entrevista à rádio Kan Reshet Bet os preparativos intensos para receber os restos mortais, honrar os caídos e apoiar as famílias enlutadas.
Avidan explicou o processo complexo e delicado que ocorre nos bastidores para garantir a repatriação digna dos restos dos reféns.
“Estamos nos preparando para receber de um a 28 corpos”, afirmou Avidan, esclarecendo que, apesar de todas as estimativas, o número exato ainda é incerto. “Estamos agindo com a máxima sensibilidade e compreensão, como fizemos durante toda essa guerra”, acrescentou ele.
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De acordo com o Israel National News, a operação para receber os corpos está longe de ser simples e envolve riscos significativos de segurança.
“Não confiamos em nada que venha do Hamas”, enfatizou Avidan, recordando casos anteriores em que corpos foram armadilhados com granadas ou explosivos. “Portanto, antes de qualquer procedimento de identificação, cada corpo passa por uma inspeção abrangente e meticulosa.”
A identificação preliminar é realizada pela Cruz Vermelha antes que os corpos sejam transferidos para o Instituto de Medicina Forense em Abu Kabir, em Israel. “É lá que começa o processo completo e complexo de identificação”, explicou Avidan. “Ele inclui arquivos de inteligência compilados para cada refém caído.”
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Ele observou que a maioria dos 28 reféns já foi declarada morta por um comitê especial estabelecido pela primeira vez em Israel, presidido pelo rabino-chefe Yitzhak Yosef. “Não há margem para erro”, enfatizou, acrescentando que as decisões do comitê se basearam unicamente em evidências inequívocas, também para permitir que viúvas se casem novamente de acordo com a lei judaica.
Avidan descreveu uma realidade especialmente dolorosa: algumas famílias já concluíram o período tradicional de luto shiva e até realizaram enterros simbólicos, colocando itens pessoais no lugar de seus entes queridos. Agora, com o retorno dos corpos reais, elas enfrentam a agonia de um segundo funeral.
“Estamos ajudando cada família com os arranjos e realizando um funeral apropriado para cada refém caído”, disse Avidan. “Nosso objetivo é garantir que cada família tenha a oportunidade de se despedir finalmente com dignidade.”
O Ministério de Serviços Religiosos de Israel, juntamente com as Forças de Defesa de Israel, a polícia e outras agências estatais, mantém contato contínuo com as famílias para atender aos seus desejos em relação ao enterro e às cerimônias de memorial. “Estamos fazendo tudo o possível para dar a cada família a honra e o respeito que merecem”, concluiu Avidan.
Quando questionado sobre seu maior temor, Avidan respondeu sem hesitar: “Ron Arad”. Ele explicou que seu maior medo é que o Hamas alegue que alguns corpos nunca foram recuperados, deixando as famílias em um estado agonizante de incerteza.
“Esse é o cenário mais aterrorizante”, admitiu ele, expressando a esperança de que todos os cativos e soldados caídos sejam trazidos de volta para casa e que a guerra termine rapidamente.
Avidan encerrou com uma mensagem sincera: “Que possamos ouvir apenas boas notícias”, disse ele baixinho. “Que nunca mais enfrentemos circunstâncias tão dolorosas.