Bruno Peres/Agência Brasil

Juristas e profissionais do Direito manifestaram indignação nas redes sociais após o interrogatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira, 10 de junho de 2025, com réus investigados por suposta tentativa de golpe de Estado. A atitude de Moraes ao perguntar sobre menções ao seu próprio nome durante uma reunião foi amplamente criticada, sendo considerada “lamentável” e um desrespeito às normas processuais.

O advogado constitucionalista André Marsiglia, em postagem no X, destacou o constrangimento da situação: “É lamentável para qualquer jurista ver um juiz, sob evidente desconforto geral, demonstrar envolvimento pessoal ao perguntar: ‘Houve alguma conversa sobre meu nome nessa reunião?’”. A pergunta foi feita durante o depoimento do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, que confirmou críticas ao ministro durante a reunião em questão.

No mesmo tom, o advogado Adriano Soares da Costa, autor de Instituições de Direito Eleitoral, afirmou no X que o processo penal brasileiro foi profundamente abalado. Ele criticou Moraes por intermediar perguntas dos advogados, realizar oitiva de réus na presença de corréus e questionar o que os acusados falavam sobre si próprio. “Criminalistas estão assustados. O Código de Processo Penal foi aposentado”, declarou.

O jurista Fabricio Rebelo, pesquisador em segurança pública, descreveu o interrogatório como “um dos maiores desafios” do cenário jurídico atual. “É inadmissível um juiz perguntar abertamente o que o interrogado e outros envolvidos falavam dele, posicionando-se como vítima”, escreveu no X, enfatizando a falta de justificativa para tal conduta.

A página Papo de Criminalista, no Instagram, também analisou o caso em vídeo, classificando o interrogatório como parte de um “espetáculo de arbitrariedades” no STF, com ataques à Constituição e ao Código de Processo Penal. A repercussão entre juristas reforça o debate sobre a imparcialidade e os limites da atuação judicial no caso, de acordo com a Revista Oeste.

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