O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, utilizou seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) no sábado para emitir uma das advertências mais duras de Moscou ao Ocidente, acusando a OTAN e a União Europeia de travarem uma “guerra real” contra a Rússia.
Lavrov iniciou com referências históricas amplas à Segunda Guerra Mundial, posicionando a Rússia como herdeira do papel da União Soviética na derrota do nazismo e na defesa da soberania global. Ele acusou os EUA de desmantelarem esses princípios pós-guerra por meio de intervenções na Iugoslávia, no Iraque e na Líbia, e alertou que o mesmo está acontecendo hoje no Oriente Médio.
Embora tenha condenado o ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, Lavrov afirmou que a campanha de Israel em Gaza equivale a “punição coletiva” de civis, ligando o conflito ao que ele retratou como décadas de uso de força ocidental sem freios.
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Lavrov acusou a OTAN de ignorar décadas de compromissos de segurança. Ele insistiu que a Rússia “nunca teve e não tem” planos de atacar países da OTAN, chamando os alertas ocidentais sobre uma ofensiva russa de “provocações”.
O Conselho de Segurança da ONU rejeitou uma resolução da China e da Rússia que estendia o alívio de sanções nucleares ao Irã antes do prazo final.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas no sábado, emitindo uma das advertências mais duras de Moscou ao Ocidente até agora.
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Ele destacou alegações de líderes europeus como “retratos falsos” das intenções de Moscou, ecoando as negações do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de que a Rússia planeja atacar território da OTAN ou da União Europeia. Ao mesmo tempo, Lavrov emitiu uma ameaça direta: “Qualquer agressão contra meu país será respondida de forma decisiva. Não deve haver dúvida sobre isso entre aqueles na OTAN e na União Europeia”.
De acordo com o Fox News, o alerta surge em meio a tensões elevadas na fronteira leste da OTAN. A Estônia acusou recentemente jatos russos de violarem seu espaço aéreo, e forças da OTAN derrubaram drones sobre a Polônia. Os EUA responderam informando ao Conselho de Segurança da ONU que defenderiam “cada centímetro do território da OTAN”. Nesse contexto, o discurso de Lavrov destacou o esforço de Moscou em enquadrar qualquer confronto com a OTAN como uma ameaça existencial à própria Rússia.
O momento também coincide com uma mudança na retórica dos EUA. O presidente dos EUA, Donald Trump, que se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, no início desta semana, endureceu seu tom sobre a guerra – dizendo a repórteres que a Ucrânia pode e deve reconquistar todo o seu território.
O presidente Trump também adotou uma retórica mais firme sobre a guerra.
Isso marca uma partida de sinais anteriores de abertura para negociações, mais de um mês após autoridades dos EUA e da Rússia realizarem conversas raras no Alasca. O discurso de Lavrov na ONU pareceu calibrado para contrariar a nova linha de Trump, lembrando Washington de que Moscou vê a guerra não como um conflito distante, mas como um confronto direto envolvendo os Estados Unidos.
O presidente da Ucrânia, Zelenskyy, em seu próprio discurso à Assembleia Geral, alertou que falhar em parar a Rússia agora liberaria “a corrida armamentista mais destrutiva de todos os tempos”.
Lavrov reforçou sua mensagem em uma coletiva de imprensa após o discurso, respondendo a uma pergunta sobre apelos ocidentais para derrubar aeronaves russas que possam violar o espaço aéreo europeu. Ele descartou o comentário anterior de Trump de que a Rússia era um “tigre de papel”, notando que o presidente já havia recuado.
Em seguida, emitiu um alerta duro: “Se houver tentativas de derrubar qualquer objeto voador… sobre nosso território, em nosso espaço aéreo, então acho que as pessoas se arrependerão muito, empreendendo tal violação flagrante de nossa integridade territorial e soberania”.
Líderes mundiais riram e se contorceram enquanto Trump criticou a ONU sobre clima, Ucrânia e Gaza na Assembleia Geral.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, emitiu seu próprio alerta perante a Assembleia Geral: falhar em parar a Rússia agora levará à “corrida armamentista mais destrutiva de todos os tempos”.
Lavrov também criticou as sanções dos EUA contra o Irã, qualificando os esforços ocidentais para restaurar ou apertar restrições como “ilegais” e evidência do que descreveu como estratégia de Washington de “chantagem e pressão”.
Ele disse que o Ocidente sabotou opções diplomáticas para reviver o acordo nuclear de 2015 e rejeitou o que chamou de manipulações no Conselho de Segurança da ONU para isolar Teerã.
Além da Europa, Lavrov retratou a Rússia como alinhada a uma “maioria global” em ascensão contra a dominância ocidental, apontando para os BRICS, a Organização de Cooperação de Xangai e apelos africanos e latino-americanos por maior representação no Conselho de Segurança da ONU.
Ele acusou Washington de usar sanções e blocos militares para preservar a hegemonia, enquanto alegou que a Rússia defende a soberania para nações em todo o Sul Global.
Efrat Lachter é uma repórter investigativa e correspondente de guerra. Seu trabalho a levou a 40 países, incluindo Ucrânia, Rússia, Iraque, Síria, Sudão e Afeganistão. Ela é recipiente da Bolsa Knight-Wallace de Jornalismo de 2024. Lachter pode ser seguida no X @efratlachter.