Senado Federal from Brasilia, Brazil/Wikimedia Commons.

Em editorial publicado na terça-feira, 20 de maio de 2025, o jornal O Estado de S. Paulo aponta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concentra mais poder no Partido dos Trabalhadores (PT) do que em qualquer outro momento de seus mandatos, consolidando uma gestão marcada pela relutância em dividir influência. Após dois anos e meio de governo, Lula destinou quase 40% dos ministérios ao PT e seus aliados mais próximos, a maior proporção desde 2003, superando os 36% de seu primeiro mandato e os 33% do segundo.

O levantamento do Estadão revela que o PT controla 38% das pastas, número superior aos 33% no governo Dilma Rousseff, mesmo em sua fase mais ideológica, e muito acima dos 9% do PL no governo Jair Bolsonaro. A promessa de um governo plural, feita durante a campanha, desmoronou logo após a posse em 2023. Apesar de 14 partidos integrarem a base governista, o poder real permanece com o PT e figuras próximas a Lula, incluindo ministros “sem partido” historicamente ligados ao petismo, o que limita o espaço de outras legendas, mesmo aquelas que apoiaram sua eleição.

Lula também demonstra resistência à articulação política, com menos reuniões com parlamentares do que seus antecessores, incluindo Dilma. O editorial destaca que, mesmo em votações cruciais, o presidente delega negociações a auxiliares com pouca influência, isolando-se e agravando tensões com partidos do centro, como União Brasil, PP, MDB, PSD e Republicanos. Essas siglas, apesar de terem representantes no governo, frequentemente desconsideram o Planalto no Congresso. A crise se estende a partidos menores, como o PDT, que rompeu com o governo após a demissão de Carlos Lupi da Previdência Social.

De acordo com a Revista Oeste, a concentração de poder no PT compromete a governabilidade, fragmentando a coalizão. Especialistas alertam que a desigualdade na distribuição de cargos e verbas entre os partidos aumenta o risco de colapso da base aliada. O editorial critica a postura do PT, que governa como se fosse o único dono do país, rejeitando acordos e aprofundando divisões. Essa abordagem, segundo o Estadão, reflete a busca por hegemonia petista, isolando aliados, desrespeitando o Congresso e gerando custos políticos que, historicamente, recaem sobre o Brasil.

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