Na segunda-feira, 9 de junho de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma visita histórica à sede da Interpol, em Lyon, França, sendo o primeiro chefe de Estado brasileiro a realizar tal agenda. O evento, que marcou o fim de sua viagem oficial à França, incluiu a assinatura de uma declaração de intenções entre o Brasil e a organização, liderada pelo brasileiro Valdecy Urquiza. Apesar de problemas na voz, Lula discursou após receber uma medalha da Interpol em reconhecimento aos esforços do Brasil no combate ao crime transnacional.
Lula destacou a necessidade de cooperação global diante da evolução do crime organizado, impulsionado pela tecnologia digital. “A criminalidade avança em velocidade sem precedentes, exigindo ações multilaterais urgentes e coordenadas”, afirmou. Ele mencionou a criação, em seu governo, da diretoria de combate a crimes cibernéticos, que prioriza delitos de alta tecnologia, e apontou desafios como mudanças climáticas e a governança do espaço digital. O acordo assinado visa desmantelar redes criminosas transnacionais, fortalecer a tecnologia das forças de segurança no Brasil e na América Latina, além de proteger direitos humanos e grupos vulneráveis em operações policiais.
O presidente também enfatizou a ampliação dos adidos da Polícia Federal para 34 postos em todos os continentes e a criação do Centro de Cooperação Internacional da Amazônia, que integra autoridades de segurança dos nove países que compartilham o bioma. Valdecy Urquiza, secretário-geral da Interpol, alertou para a ameaça global de crimes como tráfico humano, prostituição infantil e delitos ambientais, afirmando que “nenhum país ou setor está imune”. Ele destacou que o acordo permitirá novas operações conjuntas e maior cooperação com o Brasil.
De acordo com a Revista Oeste, a visita coincidiu com a inclusão da deputada Carla Zambelli (PL-SP) na lista de foragidos internacionais da Interpol, após condenação a dez anos de prisão e perda de mandato por invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), junto com o hacker Walter Delgatti. Na sexta-feira, 6 de junho, a 1ª Turma do STF rejeitou um recurso de Zambelli, confirmando a sentença e determinando sua prisão. A ordem do ministro Alexandre de Moraes para incluir Zambelli na difusão vermelha da Interpol permite sua captura no exterior. Zambelli alega que Delgatti agiu sozinho, enquanto ele afirma ter seguido suas orientações.