O presidente da França, Emmanuel Macron, tem se destacado no cenário internacional, posicionando-se como um porta-voz da Europa. Ele liderou a resposta europeia à guerra entre Rússia e Ucrânia, apoiou a criação de um Estado palestino, contrariando os EUA, e até opinou sobre o desejo do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de comprar a Groenlândia. No entanto, críticos argumentam que ele deveria focar em problemas domésticos.
Na França de Macron, o parlamento enfrenta uma turbulência significativa sobre como lidar com a dívida massiva do país. O primeiro-ministro François Bayrou pode enfrentar um voto de desconfiança já na próxima segunda-feira, e as chances de derrota são altas. Bayrou foi nomeado por Macron em dezembro do ano passado, sucedendo três outros primeiros-ministros que renunciaram durante 2024. O que acontecerá em seguida parece um déjà vu, com o presidente nomeando mais um primeiro-ministro, como fez em dezembro passado quando Michel Barnier renunciou.
No final do mês passado, Bayrou destacou que a França está profundamente endividada, apesar de ser a segunda maior economia da União Europeia, atrás apenas da Alemanha. Além de ser uma economia grande, a França também é um importante parceiro comercial dos EUA.
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Devido à crise fiscal iminente, Bayrou desenvolveu um plano para reduzir o déficit fiscal para 4,6% do PIB no próximo ano, economizando 44 bilhões de euros (51 bilhões de dólares) e cortando dois feriados públicos. Isso resultaria em um déficit menor do que qualquer ano entre 2020 e 2024.
De acordo com o Fox News, o plano de corte orçamentário não foi bem recebido por outros partidos no parlamento francês, e Bayrou enfrenta um voto de desconfiança de seus colegas parlamentares. Sindicatos de trabalhadores estão revoltados com os planos do primeiro-ministro e ameaçam greves de paralisação. Leo Barincou, economista sênior da Oxford Economics em Paris, afirmou que qualquer greve dos sindicatos provavelmente não durará muito e não será tão disruptiva para a economia quanto os protestos dos Coletes Amarelos no inverno de 2018 e 2019.
Se Bayrou perder, há alternativas. Macron pode convocar eleições antecipadas ou nomear um novo primeiro-ministro, mas isso será difícil dada a situação atual. Bayrou deve perder, e todos os outros partidos prometeram derrubar o governo.
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Uma coisa que quase certamente não acontecerá é a renúncia de Macron. Provavelmente, ele nomeará outro primeiro-ministro e fará um orçamento mínimo que não será muito assustador. Em outras palavras, pode haver alguns cortes orçamentários, mas não serão tão drásticos quanto os propostos pelo atual primeiro-ministro em agosto.
Embora pareça extremamente improvável que haja eleições antecipadas, o partido populista Reagrupamento Nacional (RN) disse que está se preparando para isso e revisando uma lista potencial de candidatos. O presidente do RN, Jordan Bardella, afirmou na semana passada que “podemos e devemos estar prontos para qualquer coisa, incluindo um retorno às urnas com a dissolução da Assembleia Nacional”.