Israel National News / Reprodução

A mídia convencional tem se fixado obsessivamente no medo de uma mudança de regime no Irã há duas semanas. Diariamente, surgem manchetes repetitivas alertando que, se Israel ou os Estados Unidos considerarem a mudança de regime no Irã, isso abriria as portas do inferno. O Washington Post publicou mais de sete artigos alertando sobre a mudança de regime no Irã, enquanto este é o segundo artigo do Arutz Sheva defendendo tal ação.

Conforme relatado por Israel National News, os bombardeios dos EUA em instalações nucleares iranianas levaram o lobby contra a mudança de regime a um crescendo de alertas falsos. A recente matéria da Time Magazine traz a manchete gritante: “Ao bombardear o Irã, Trump ignorou 80 anos de erros de mudança de regime nos EUA”.

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Uma recente matéria da NBC News argumenta que a mudança de regime liderada pelos EUA está destinada ao fracasso, citando Iraque, Afeganistão e Líbia como exemplos de advertência. A peça, embora emocionalmente ressonante, é intelectualmente superficial – uma retirada para o fatalismo histórico em vez de um engajamento significativo com os fatos ou a realidade geopolítica atual.

Pior ainda, essa matéria chega em um momento em que os ataques aéreos dos EUA contra instalações nucleares iranianas alteraram radicalmente o cenário estratégico; a conversa já não é mais se a mudança de regime no Irã é uma opção viável – mas se é uma necessidade urgente. A matéria da NBC não oferece nenhuma visão construtiva para enfrentar o que acontecerá se o regime permanecer no poder.

Seu argumento baseia-se em uma leitura seletiva da história que reduz intervenções complexas a falhas simplistas, ignorando completamente o contexto dramaticamente diferente no Irã de hoje. O Iraque em 2003, o Afeganistão pós-2001 e a Líbia em 2011 foram todos esforços profundamente falhos – não porque a mudança de regime seja intrinsecamente inviável, mas porque essas missões foram minadas por incoerência estratégica, planejamento inadequado e ignorância deliberada das realidades no terreno.

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Citar esses exemplos como prova irrefutável de que a mudança de regime nunca deve ser tentada novamente não é análise – é paralisia. E essa paralisia fortalece regimes como o do Irã, que não são apenas repressivos internamente, mas também agressivos externamente, financiando terrorismo e ameaçando a estabilidade regional e global. Tal análise fatalista apenas ajuda esses regimes a pensar que são invencíveis e os encoraja a continuar com uma repressão interna ainda mais brutal.

Iraque e Afeganistão: Lições, não desculpas

Vamos considerar o Iraque. A remoção militar de Saddam Hussein foi rápida e, de fato, popular entre muitos iraquianos, especialmente os curdos. Mas o que se seguiu foi uma série de feridas autoinfligidas. A desastrosa política de desbaathificação desmantelou as instituições iraquianas de funcionários experientes e deixou centenas de milhares sem nada a perder – muitos dos quais se juntaram à insurgência.

Isso foi agravado pela falha em antecipar a exploração do caos pós-guerra pelo Irã. Os formuladores de políticas dos EUA permitiram que milícias xiitas apoiadas pelo Irã, como a Brigada Badr, inundassem o país e se enraizassem dentro do novo aparelho de segurança do Iraque.

O Afeganistão não foi melhor. Após derrubar o Talibã, os EUA e seus aliados falharam em compreender que o movimento não era apenas uma banda solta de extremistas – era uma insurgência profundamente ideológica com um pano de fundo religioso e tribal, apoiada e abrigada pelo Paquistão. Até mesmo Osama bin Laden foi encontrado escondido confortavelmente em território paquistanês, um suposto aliado. No entanto, os EUA nunca exerceram pressão real sobre Islamabad.

Como resultado, o Talibã esperou, reagrupou-se e eventualmente recuperou o país com alguma ajuda do Irã, que estava determinado a não permitir que o Iraque ou o Afeganistão se tornassem paradigmas de estabilidade e prosperidade para o povo iraniano.

O problema central em ambos os casos não foi a mudança de regime em si. Foi a falta de uma visão estratégica para o que viria a seguir. Essas são lições – dolorosas, sim – mas não argumentos para inação.

A história não é um estudo de caso fechado de avisos imutáveis. Como a ciência, ela evolui através de tentativa, falha e adaptação.

Por que o Irã é diferente

O Irã não é o Iraque. Não é o Afeganistão. Não é a Líbia. O Irã tem uma população altamente educada, uma longa história de interação com o Ocidente e uma sociedade esmagadoramente jovem e descontente, profundamente alienada de seus governantes religiosos. Ao contrário de Saddam ou do Talibã, a legitimidade da República Islâmica é frágil, sustentada pela força bruta e propaganda, em vez de apoio popular genuíno.

Desde 2009, houve quatro grandes levantes no Irã – todos enfrentados com violência extrema do estado. Este não é um país resignado à tirania. É uma nação que anseia por liberdade – se apenas as probabilidades pendessem a seu favor.

E isso nos leva ao momento atual. Os ataques militares dos EUA às instalações nucleares do Irã colocaram o regime em alerta. Os ataques não são meramente punitivos; eles sinalizam uma reafirmação de linhas vermelhas há muito tempo ultrapassadas. Neste novo ambiente, a mudança de regime não é mais um tabu hipotético – é uma decisão de política inevitável a ser tomada.

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