Revista Oeste/Reprodução

Paulo Figueiredo, ex-apresentador da Jovem Pan e neto do ex-militar João Batista Figueiredo, enfrenta a possibilidade de ser o primeiro réu julgado à revelia no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Três meses após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Figueiredo, que reside nos Estados Unidos, não apresentou defesa, e a Defensoria Pública, sem localizá-lo, recusou assumir o caso por falta de contato, conforme reportado pelo jornal Folha de S.Paulo.

Figueiredo afirmou que seu endereço nos EUA é conhecido pelas autoridades brasileiras, citando uma intimação recente da Justiça do Rio em um processo tributário. Ele criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, de não utilizar o Tratado de Assistência Legal Mútua (MLAT) entre Brasil e EUA para a intimação, alegando que isso reflete uma prática ilegal. “É o mesmo problema apontado pela Rumble e Truth Social em ações contra Moraes, e pela Meta no caso Allan dos Santos”, disse Figueiredo à Folha, referindo-se à necessidade de seguir canais diplomáticos e legais.

A PGR acusa Figueiredo de usar seu espaço na mídia para influenciar militares, promover ataques contra generais e incentivar apoio a um golpe, sendo o único integrante do quinto núcleo investigado. Após a denúncia, em fevereiro de 2025, ele declarou no X estar “honrado” por estar ao lado de “patriotas” em um “documento histórico que reflete a ditadura atual”. Moraes solicitou intervenção da Defensoria, que novamente recusou por falta de contato com o acusado.

O STF tende a julgar Figueiredo à revelia, sem defesa ou contestação, o que seria inédito nesse inquérito. Nesta terça-feira, 20 de maio, a 1ª Turma do Supremo inicia a análise da denúncia contra o terceiro núcleo, composto por 11 militares do Exército e um agente da Polícia Federal. As denúncias dos dois primeiros núcleos, incluindo o considerado “crucial” com o ex-presidente Jair Bolsonaro, generais aliados e ex-ministros, já foram aceitas pela Corte, segundo a Revista Oeste.

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