Em editorial publicado na quarta-feira, 14 de maio de 2025, o jornal O Globo questionou a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas comemorações em Moscou dos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, organizadas por Vladimir Putin. Eleito sob a bandeira da defesa da democracia, especialmente após os eventos de 8 de janeiro de 2023, Lula foi fotografado ao lado de líderes autoritários, como Nicolás Maduro (Venezuela), Miguel Díaz-Canel (Cuba), Ibrahim Traoré (Burkina Faso), Umaro Sissoco Embaló (Guiné-Bissau), Abdel Fattah el-Sisi (Egito), Emmerson Mnangagwa (Zimbábue) e Denis Sassou Nguesso (República do Congo), em um desfile militar na Praça Vermelha.

O Globo classifica a presença de Lula como contraditória, destacando a ironia de um presidente que se posicionou contra uma tentativa de golpe no Brasil estar ao lado de figuras associadas a regimes opressivos. O editorial critica a resposta de Lula sobre a ausência de líderes democráticos no evento, na qual ele minimizou a questão histórica ao dizer que “a Europa inteira deveria estar celebrando” e acusou países europeus de priorizarem gastos com armamentos.

O jornal também contesta a alegação de Lula de que o Brasil poderia mediar a paz entre Rússia e Ucrânia, apontando que o país não integra o Conselho de Segurança da ONU, está geograficamente distante do conflito e é visto como parcial pelos ucranianos, o que reduz sua credibilidade como mediador. Além disso, o editorial questiona as justificativas econômicas da viagem, como o comércio de fertilizantes e diesel com a Rússia, comparando as relações de Lula com Putin às de nações como Coreia do Norte, Venezuela e Irã. “Será esse o ‘grupo de amigos’ de Lula?”, ironiza.

O texto conclui que a participação do presidente em um evento ao lado de ditadores sugere que seu compromisso com a democracia, tão enfatizado por seus apoiadores, varia conforme interesses ideológicos e conveniências políticas, de acordo com a Revista Oeste.

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