Em encontro realizado no Palácio de Baabda, o presidente do Líbano, Joseph Aoun, reafirmou a oposição de seu país à interferência estrangeira em assuntos internos durante uma reunião com Ali Larijani, Secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã. Aoun destacou que a cooperação com o Irã deve respeitar a soberania do Líbano e ser baseada em respeito mútuo. Ele expressou preocupação com declarações recentes de certos oficiais iranianos, afirmando que tais comentários não contribuem positivamente para as relações bilaterais.
“O relacionamento que buscamos com o Irã deve ser um que inclua todos os libaneses, não apenas uma seita ou grupo”, disse Aoun, acrescentando que a estabilidade do Líbano está no interesse de todos os seus cidadãos. Ele enfatizou que nenhuma parte externa deve interferir nos assuntos domésticos do Líbano. “O Líbano, que não interfere nos assuntos internos de outras nações, espera o mesmo em retorno”, afirmou. Aoun também alertou contra a dependência de potências estrangeiras ou facções internas armadas, afirmando que o estado libanês e suas forças armadas têm a responsabilidade exclusiva pela segurança nacional.
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De acordo com o Israel National News, Larijani transmitiu saudações do presidente iraniano Masoud Pezeshkian e estendeu um convite para Aoun visitar Teerã. Ele reafirmou a disposição do Irã em ajudar o Líbano nos esforços de reconstrução e garantiu o respeito do Irã pela soberania libanesa, negando qualquer intenção de minar as relações bilaterais.
Em um encontro separado com o presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, Larijani declarou que o Irã está preparado para apoiar o Líbano contra qualquer possível escalada por parte de Israel, caso o governo libanês solicite. Ele ressaltou que o Líbano é livre para decidir seu próprio caminho, incluindo a cooperação com a “resistência”, termo comumente usado para se referir ao Hezbollah. Larijani acusou a mídia ocidental de distorcer narrativas e manteve que Israel continua sendo o verdadeiro agressor.
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A visita de Larijani ocorre em meio a tensões elevadas em torno de uma decisão do gabinete libanês de endossar um plano apoiado pelos EUA, que visa desarmar o Hezbollah e consolidar as armas sob a autoridade do estado. O plano, que fazia parte de um acordo de cessar-fogo mediado em novembro de 2023, exige que o Exército Libanês desenvolva uma estratégia de desarmamento até 31 de agosto de 2025, com implementação completa esperada até o final do ano.
A decisão desencadeou a saída de cinco ministros do bloco xiita, representando o Hezbollah e o Amal, que se opuseram ao que descreveram como ditames estrangeiros em vez de consenso doméstico. O vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, rejeitou a proposta como uma “ditadura” dos EUA, alertando sobre as consequências se a iniciativa for perseguida.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, expressou forte oposição ao plano de desarmamento, reafirmando o apoio contínuo de Teerã ao Hezbollah. Em uma entrevista televisionada, Araghchi disse que qualquer decisão sobre o assunto pertence exclusivamente ao Hezbollah e enfatizou que o Irã não interviria, mas apoiaria o grupo à distância. Ele criticou a proposta como imposta externamente e observou que o Hezbollah havia “se reconstruído” após a guerra com Israel em 2006.