Wilson Dias/Agência Brasil

Em meio a um prejuízo histórico de R$ 2,6 bilhões em 2024, quatro vezes maior que os R$ 597 milhões de 2023, a diretoria dos Correios aprovou aumentos salariais significativos nos últimos dois anos, segundo o portal Metrópoles, em matéria publicada na quinta-feira, 15 de maio de 2025. O presidente da estatal, Fabiano Silva dos Santos, elevou seu salário em 14%, passando de R$ 46,7 mil em março de 2023 para R$ 53,3 mil em abril de 2024, enquanto os funcionários receberam reajustes de pouco mais de 4% no mesmo período.

Além do salário, Santos ampliou benefícios: o auxílio-moradia subiu de R$ 4,3 mil para R$ 4,7 mil, o auxílio-alimentação passou de R$ 699 para R$ 1.036, e a previdência complementar foi ajustada de R$ 7,6 mil para R$ 7,9 mil, mantendo o plano de saúde em R$ 749. A remuneração inclui gratificações e honorários por participação em conselhos. Os diretores também tiveram aumentos, com salários passando de R$ 40,6 mil para R$ 46,3 mil, acompanhados de benefícios adicionais.

Indicado por Lula e aprovado pelo Conselho de Administração em fevereiro de 2023, Santos, advogado e ex-membro do grupo Prerrogativas, crítico à Lava Jato, assumiu com a missão de evitar a privatização dos Correios, retirando a empresa do Programa Nacional de Desestatização. Sob sua gestão, o superávit acumulado no governo Jair Bolsonaro transformou-se em déficit, agravado por uma manobra contábil que atribuiu gastos de 2023 ao ano de 2022. Seu mandato se estende até agosto de 2025.

Os Correios justificaram os reajustes, afirmando que seguiram diretrizes do governo federal, com aumentos de 9% em 2023, alinhados aos servidores federais, e de 4,62% em 2024, baseados no IPCA. A estatal destacou que o Conselho de Administração decidiu não conceder reajustes aos dirigentes em 2025 e apontou uma redução de 2,2% nos gastos com remuneração de diretores entre 2022 e 2023, devido a cargos vagos e renúncia a benefícios.

O déficit de 2024, o maior desde 2016, foi atribuído à falta de investimentos e modernização, além do impacto da “taxa das blusinhas”, que beneficiou o varejo, mas prejudicou o balanço da empresa. Para enfrentar a crise, os Correios anunciaram sete medidas, incluindo suspensão de férias e exigência de trabalho presencial a partir de junho, de acordo com a Revista Oeste.

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