Revista Oeste / Reprodução

O regime ditatorial de Daniel Ortega e Rosario Murillo, na Nicarágua, expulsou as monjas Clarisas de dois conventos no dia 28 de janeiro de 2025, apenas dias após Murillo anunciar que esses imóveis seriam convertidos em centros universitários controlados pelo Estado.

Esses incidentes fazem parte de uma ampla política de confiscos que já resultou na apropriação de pelo menos 39 propriedades da Igreja Católica desde 2022.

De acordo com o Revista Oeste, um levantamento do site Confidencial revela que escolas, universidades, fazendas, residências religiosas e centros pastorais foram tomados pelo regime e renomeados como supostas obras públicas.

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O estudo indica que as congregações evitam fazer denúncias para não enfrentar novas represálias.

Entre os mais afetados estão os jesuítas, com nove bens confiscados, incluindo a Universidade Centroamericana.

Estimativas apontam que o valor total dos bens tomados supera US$ 77 milhões, com a Fundação Fabretto e a Diócesis de Matagalpa também entre as mais impactadas.

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“O saque foi imenso”, afirmou uma fonte jesuíta. “Embora os danos econômicos sejam, até agora, incalculáveis, o prejuízo científico e acadêmico é ainda maior, pois o acervo cultural confiscado arbitrariamente da universidade tem um valor incomensurável.”

Das 39 propriedades, 22 já foram ocupadas por órgãos do regime, como o Conselho Nacional das Universidades (agora extinto), o Ministério da Educação, o Ministério de Tecnologia Agropecuária, o Ministério da Saúde e o Instituto Nicaraguense de Seguridade Social.

Colégios, universidades, clínicas e centros pastorais foram transformados, em poucos dias, em estruturas partidárias ou repartições estatais.

Essa perseguição ecoa práticas vistas no México do século 19 e em Cuba sob Fidel Castro, mas, de acordo com especialistas, com uma motivação totalitária e não laica.

Paralelamente, o regime cancelou mais de 1,3 mil organizações religiosas, congelou contas bancárias da Igreja Católica e fechou rádios e TVs católicas.

As perdas totais ainda são desconhecidas, e o silêncio das congregações, incluindo o do Vaticano, reflete o medo de novas retaliações.

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