TSE - Tribunal Superior Eleitoral/ Wikimedia Commons

A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) formou maioria de 3 a 0 a favor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes em uma ação movida contra a revista IstoÉ, a jornalista Tabata Viapiana e o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Octávio Costa. O julgamento, que avalia a reportagem “Negócio suspeito” publicada em dezembro de 2017, teve o voto decisivo do ministro Humberto Martins, juntando-se aos de Daniela Teixeira e Ricardo Villas Bôas Cueva. Faltam os votos de Nancy Andrighi e Paulo Dias de Moura Ribeiro para concluir o caso, mas a maioria já está assegurada.

Organizações de defesa da liberdade de imprensa manifestaram preocupação com o impacto do julgamento, classificando-o como uma “grave ameaça” à imprensa. Associações emitiram notas alertando para o risco de um “precedente de censura judicial” contra jornalistas que atuam de boa-fé e no interesse público, além do uso do sistema judicial por figuras públicas para intimidar a mídia, segundo a revista O Antagonista.

Gilmar Mendes perdeu em primeira e segunda instâncias, mas recorreu ao STJ, onde obteve apoio majoritário. A ação contesta a reportagem de 2017 da IstoÉ, que levantou suspeitas sobre negócios ligados ao ministro. Apesar de inicialmente rejeitar o recurso, o relator Villas Bôas Cueva reverteu sua decisão, considerando a ironia excessiva. A condenação solidária dos réus reacende debates sobre o uso do Judiciário para limitar a imprensa.

O julgamento gerou críticas de entidades defensoras da imprensa, que veem na decisão um risco de censura e intimidação. A Crusoé relatou em 2024 que Gilmar suspendeu a ação penal da Operação E$quema S, beneficiando figuras próximas a ele. O caso expõe conexões entre Gilmar e os ministros do STJ, incluindo participações conjuntas em eventos e publicações acadêmicas, levantando questionamentos sobre imparcialidade.

O editorial de O Antagonista, fonte desta notícia, evita ironias para não arriscar punições, mas afirma: “Em um país onde jornalistas são condenados por fiscalizar o poder, a liberdade de imprensa não está apenas ameaçada. Ela já acabou.”

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